Causou agitação nos meios políticos e sociais a declaração feita, ontem, pelo capitão reformado do Exército, Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República pelo PSL, de que não aceitará um resultado do pleito de sete de outubro que não seja a sua vitória. O anúncio se deu em entrevista do candidato ao Brasil Urgente, da TV Band, direto do hospital israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde convalesce do atentado que sofreu um golpe de faca durante evento de campanha em Juiz de Fora, Minas Gerais. Bolsonaro, que mantém 28% das intenções de voto contra 22% de Fernando Haddad (PT) e que deverá ter alta no fim de semana, foi incisivo: Não posso falar pelos comandantes militares, mas, pelo que vejo nas ruas, não aceito resultado diferente da minha eleição.
Ele está sem ir às ruas desde o começo do mês, quando foi hospitalizado. Ainda assim, não abre mão da agressividade que tem caracterizado a sua conduta. Foi assim que ele disse que a única possibilidade de vitória do PT viria pela fraude. Jair Bolsonaro tem reiterado que as urnas eletrônicas estão sujeitas a fraudes que podem prejudicar sua campanha e frisou que tem desconfiança de profissionais dentro do Tribunal Superior Eleitoral. Pontuou que em 2015 aprovou o voto impresso que, no entanto, foi derrubado pelo Supremo Tribunal Federal. Não temos como auditar o resultado disso. A suspeição estará no ar. Se você vir (sic) como eu sou tratado na rua e como os outros são tratados, você não vai acreditar. A diferença é enorme, emendou.
Colocado diante de um cenário de possível vitória do PT, Bolsonaro manifestou a crença de que as Forças Armadas não tomariam a iniciativa de contestar o resultado, mas advertiu que elas não tolerariam erros futuros. Na primeira falta, poderia acontecer uma reação, com o PT errando, sim. Nós, das Forças Armadas, somos avalistas da Constituição. Não existe democracia sem Forças Armadas, prosseguiu. Ele foi duro nas críticas ao seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão, do PRTB, que deu declarações que geraram controvérsias. Bolsonaro disse que pediu para que Mourão ficasse quieto até o fim do primeiro turno porque estava atrapalhando.
E explicou: Ele (Mourão) falou que o décimo terceiro é uma jabuticaba. Outros países têm direitos parecidos. Divirjo, lógico. É cláusula pétrea, não pode mexer nem por proposta de emenda à Constituição. Ele (Mourão) demonstra desconhecer a Constituição. Um vice não apita nada, mas atrapalha muito. A respeito das acusações de sua ex-mulher Ana Cristina Valle de que teria ocultado milhões em patrimônio, furtado joias e valores de um cofre mantido por ela no Banco do Brasil e agido com desmedida agressividade, reveladas pela revista Veja, o candidato falou em probleminha.
– Em uma separação é comum para todos os casos ter problemas. É litigiosa. As cotoveladas acontecem de ambas as partes. Minha própria ex-mulher diz que estava de sangue quente. É a acusação de uma pessoa que hoje está dizendo que não aconteceu desconversou. Jair Bolsonaro informou que por recomendação médica não sairá de casa até o dia 10 de outubro, com isto descartando participação em debates na reta final e nos derradeiros eventos do primeiro turno da campanha presidencial.
Nonato Guedes, com Folhapress