O publicitário Duda Mendonça, que há quatro anos está afastado de engajamento no marketing de campanhas eleitorais e que foi indiciado em processos como o do mensalão e alguns da Operação Lava-Jato, declarou à Folha de São Paulo que considera a disputa presidencial deste ano a eleição mais doida que já viu no Brasil. Na sua opinião, não está em andamento propriamente um processo eleitoral, mas um processo plebiscitário. O eleitorado, calcula Duda, se posiciona contra ou a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de Lula não ser candidato; pelo contrário, ser mantido preso numa cela da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Natural da Bahia, Duda Mendonça é considerado o maior especialista brasileiro no marketing político e coordenou uma das campanhas do então candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, mas também atuou para candidatos como Paulo Maluf, que já foi um dos maiores adversários do PT. No livro Casos & Coisas, ele narra histórias de vida e mistérios do marketing político, com riqueza de detalhes. Informa, por exemplo, como se planeja uma campanha política, o que é um comitê eletrônico, como se faz um programa político para televisão, o que se espera de um jingle, para que servem as pesquisas, como o candidato deve se comportar num debate e como a ideologia, o marketing e a propaganda podem convergir para um mesmo fim.
Em nota do autor, no livro, Duda Mendonça assim se apresenta: Sou um publicitário, uma pessoa treinada na produção de textos curtos, extremamente sintéticos. Em publicidade, é preciso passar o máximo de informação com um mínimo de palavras. Um texto com mais de 60 linhas é um verdadeiro tratado. Para ele, clareza é uma espécie de palavra-chave, e conta que foi isto que tentou disseminar em toda a sua carreira profissional. O livro acabou se dividindo em duas fases distintas antes e depois do PT. Ele interrompeu a escrita da obra em resposta a um convite do Partido dos Trabalhadores para criar e produzir os seus programas e comerciais de televisão no ano 2001. Disse que o engajamento na campanha do PT significou um divisor de águas a reflexão sobre campanhas passadas deu lugar a reflexões sobre campanhas contemporâneas. Na conjuntura política-eleitoral atual, conforme a opinião de Duda Mendonça, o PSDB, por seu candidato Geraldo Alckmin, perdeu espaço para Jair Bolsonaro, do PSL, que na reta final é quem polariza a disputa contra Fernando Haddad, o preposto do ex-presidente Lula. Uma consequência, para Duda, da atipicidade que marca profundamente a disputa eleitoral de 2018 no país.
Da Redação, com Folha de S. Paulo