Líderes e analistas políticos avaliam que as 513 cadeiras de deputado federal e 54 de senadores que irão à disputa amanhã em todo o país definirão o novo perfil do Congresso Nacional e oferecerão respostas a questões cruciais da política nacional. Não obstante ser essa a legislatura mais mal avaliada da história, ter sido alvejada em cheio pela Lava-Jato e produzido presidiários em série, incluindo ex-presidentes da Câmara, nos círculos sociais aposta-se que não haverá renovação significativa nas bancadas partidárias e nem avalanche de novos nomes, como indicaria o senso comum
Além da questão da renovação, o resultado do domingo definirá quais dos 35 partidos legalizados vão conseguir superar a chamada cláusula de desempenho ou de barreira, que entra em vigor nesta eleição. Aqueles que não tiverem uma performance mínima na votação de seus candidatos a deputado federal vão ter cortados os suprimentos que os colocarão em risco de extinção. Por outro lado, a nova configuração partidária da Câmara dará alguma medida do que o futuro presidente da República seja ele qual for terá que fazer para lidar com um Congresso que nos últimos dois anos e meio derrubou uma presidente da República e segurou outro no cargo.
O PT, MDB, PSDB e PP possuem as maiores bancadas e devem continuar com grandes representações, de acordo com as projeções. O Diap, Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar e a empresa de análise política ArkoAdvice divulgaram nos últimos dias prognósticos com conclusão similar: alterações nas bancadas não serão expressivas, salvo poucas exceções. Conforme o Diap, que levou em conta pesquisas de intenção de voto, histórico de partidos e candidatos, coligações regionais, projeções dos próprios partidos e estrutura de campanha, na Câmara haverá pequeno crescimento dos partidos de esquerda e de direita e discreta queda nos partidos de centro, mantendo-se muito próxima da composição atual em termos de distribuição partidária. A Arko revela que, pelos cálculos que tem em mãos, PT, MDB, PP e PSDB continuarão sendo os maiores partidos políticos do país após as eleições, com bancadas que variam de 40 a 60 deputados. Avaliação semelhante tem a diretora de operações da Transparência Brasil, Juliana Sakal. Ela afirma que a questão do financiamento eleitoral é sempre central para a eleição. Para participar de verdade da corrida, você precisa de um mínimo de recursos para realmente estar disputando uma cadeira, teoriza.
Em 2015 o Supremo Tribunal Federal vetou o financiamento empresarial dos candidatos. Na atual disputa, maior parte do dinheiro de campanha vem dos cofres públicos R$ 2,7 bilhões. Esse dinheiro, todavia, é distribuído a critério das cúpulas partidárias, que privilegiam, majoritariamente, políticos já estabelecidos ou com mandato.