A eleição presidencial que terá seu primeiro turno hoje em todo o país é considerada pelos analistas políticos como uma das mais atípicas da história política do Brasil. Não por acaso, as pesquisas de institutos como Ibope e Datafolha apontam a polarização entre os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), com vantagem para o primeiro. A estimativa, porém, é de que a decisão seja concretizada no segundo turno, entre os dois extremos políticos direita e esquerda. A revista Veja chama a atenção para o fato de que, embora liderem as pesquisas, Bolsonaro e Haddad reúnem os mais expressivos índices de rejeição. E alerta que com a vitória de um ou de outro, são altos demais os riscos de retrocesso.
A campanha foi marcada por um incidente que chocou a sociedade a agressão, a golpes de facada, contra Bolsonaro, durante um evento de que participava em Juiz de Fora, Minas Gerais. A partir daí, a participação do capitão reformado que se tornou fenômeno político na campanha foi drasticamente reduzida em termos de comícios ou manifestações públicas, mas Bolsonaro não saiu de cena. Valeu-se de redes sociais e de guias eleitorais produzidos por sua retaguarda para manter-se na liderança e tirar proveito da agressão praticada por um ex-militante político do PSOL.
A colunista Dora Kramer, de Veja, atribui o que chama de cenário desanimador à obra dos partidários da ideia de que nada melhor para combater um mal do que um mal maior. Bolsonaro simpatiza com a ditadura, elogia torturadores, hostiliza minorias e apresenta-se ao eleitorado como tudo o que nunca foi em quase 30 anos de carreira: um liberal. Haddad, porsua vez, é o preposto de um presidiário (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), a quem consulta antes de dar qualquer passo, e representa o partido que apesar de ter patrocinado um monumental esquema de corrupção quando esteve no poder, o PT, não teve a dignidade cívica de apresentar um fiapo de autocrítica descreve a Veja.
Há figuras de expressão que tentaram na campanha se identificar como alternativas ao eleitorado diante do maniqueísmo Bolsonaro versus petistas. A ex-ministra Marina Silva, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, concentraram a reta final em apelos emocionais ao eleitorado para optar por uma terceira via. Ciro ainda conseguiu avançar e todos os 15 candidatos apregoam que haverá segundo turno, mas se as pesquisas de última hora foram críveis a parada será deflagrada hoje mesmo e em favor do capitão reformado. Fernando Haddad foi prefeito de São Paulo e ministro da Educação no governo do presidente Lula da Silva. Ciro Gomes é repetente em matéria de candidatura a presidente da República mas nunca logrou ir para um segundo turno. Teve que controlar ao máximo seus ímpetos durante a campanha deste ano para não perder votos, diante da fama de irascível ou pavio curto, que lhe é atribuída.
A eleição presidencial de hoje conta com a influência de um sujeito oculto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mesmo preso e condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, por prática de corrupção e lavagem de dinheiro, tentou empurrar sua candidatura goela abaixo do TSE, que acabou fulminando-a. Recolhido a uma cela na Superintendência da Polícia Federal, que também transformou em quartel-general da campanha de Fernando Haddad, ungiu o seu ex-ministro desafiando resistências no próprio PT e sacramentou na vice a deputada estadual Manuela Haddad, do PCdoB do Rio Grande do Sul, que originalmente era candidata a presidente. A grande proposta de Haddad, em retribuição à generosidade de Lula, causou polêmica foi a de prometer dar liberdade ao ex-presidente caso fosse eleito. O único que pode fazer isto sou eu, rebateu Ciro Gomes, do PDT. Ambos estão blefando. A única que pode decidir sobre a liberdade ou continuidade da prisão de Lula é a Justiça.
Nonato Guedes, com sites e agências