O ex-governador Tarcísio Burity, já falecido, chegou a defender a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte quando ocupou o Executivo paraibano pela primeira vez, por via indireta. Na época em ele que se investiu no poder, em 1979, os governadores eram chamados pela imprensa e pelos opositores do regime militar de biônicos, já que não eram eleitos diretamente pelo povo e, sim, nomeados pelo comando militar. Filiado ao PDS, depois ao PFL, Burity surpreendeu a classe política ao propor a Constituinte em entrevista à revista Veja e ao jornal O Estado de São Paulo, pugnando, igualmente, pela restauração das eleições diretas em todos os níveis e a favor da concessão de anistia a exilados políticos.
Em 1986, Burity voltou ao governo do Estado, agora pelo voto direto, tendo derrotado Marcondes Gadelha. Concorreu pelo PMDB, enquanto Gadelha era filiado ao PFL. A Constituinte foi instalada em 1988 produziu o que o deputado Ulysses Guimarães, presidente da Câmara, chamou de Constituição-Cidadã, por ter assegurado direitos e conquistas que de há muito vinham sendo reivindicados por segmentos da sociedade brasileira. Burity elegeu-se deputado federal apenas uma vez, em 1982, tendo obtido mais de 170 mil sufrágios.
O ex-governador paraibano foi definido pelo ex-ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel, como um político não convencional por ocasião de um impasse que o opôs a deputados estaduais e federais dissidentes no PDS. Nesse confronto, os dissidentes impuseram uma derrota a Burity na eleição da Mesa da Assembleia Legislativa do Estado em 81. O governador ungiu Assis Camelo durante reunião de bancada no Palácio, mas um grupo dissidente aliou-se ao PMDB e elegeu Fernando Milanez para presidente, através de Mesa eclética.
Nonato Guedes