Ex-senador da República e relator da Constituinte de 1988, encarregada de produzir a chamada Constituição-Cidadã, o jurista amazonense Bernardo Cabral chega hoje a João Pessoa e cumprirá extensa programação promovida pelo deputado estadual Raniery Paulino (MDB) através da Fundação Ulysses Guimarães. O desembargador Marcos Cavalcanti, pela Escola Superior de Magistratura, e o advogado Ricardo Bezerra, presidente da Academia de Letras Jurídicas da Paraíba, integram a organização dos eventos. Bernardo Cabral foi ministro da Justiça no governo de Fernando Collor de Mello e sempre manteve estreitas ligações com a Paraíba.
Um dos seus interlocutores no Estado é o advogado Johnson Abrantes, que comanda escritório de renome. Foi numa conversa com Cabral em Brasília, quando dos preparativos para a instalação do governo Collor, que Johnson ouviu do futuro ministro a revelação de que o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity estava sendo cotado para assumir vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal. Burity fora o primeiro governador a aderir a Collor e ingressou no partido por ele criado, o PRN, para dar sustentação ao projeto de candidatura. No entanto, rompeu com Collor depois que a equipe econômica gerida pela ministra Zélia Cardoso de Melo decretou a liquidação extrajudicial do Paraiban, ato que o ex-governador considerou traiçoeiro e injustificável. O Paraiban foi reaberto no governo de Ronaldo Cunha Lima.
José Bernardo Cabral foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Chefe de Polícia do Amazonas em 1957 e Chefe da Casa Civil de Gilberto Mestrinho, no período de 1959 a 1960. Na Constituinte, ele foi relator da Comissão de Sistematização, a quem competia selecionar as inúmeras emendas e propostas apresentadas por parlamentares de todos os Estados. Obteve média final 5,5 na avaliação do Diap (Departamento Intersindical de Assessoramento Parlamentar). O Diap considerou que Bernardo Cabral foi um dos parlamentares mais influentes na elaboração do texto constitucional. Como relator geral, revelou-se um grande conciliador. Sua postura de defensor intransigente do Parlamentarismo contrariou interesses poderosos, o que lhe rendeu algumas derrotas.
Nonato Guedes