O ex-candidato a governador Lucélio Cartaxo e seu irmão gêmeo, Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, optaram por liberar filiados do PV e eleitores de Lucélio para votarem em Fernando Haddad (PT) ou Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da disputa à presidência da República. Os dois, entretanto, não anunciaram opção pessoal na rodada decisiva. Diferentemente dessa postura, o governador Ricardo Coutinho, que elegeu o sucessor João Azevêdo, se assume como eleitor de Haddad e ainda critica o presidenciável favorito Jair Bolsonaro. Em Campina Grande, o prefeito Romero Rodrigues, do PSDB, cuja mulher, Micheline, foi candidata a vice na chapa derrotada de Lucélio, tornou pública, desde logo, a sua opção por Bolsonaro, com quem, aliás, esteve no primeiro turno, apresentando pleitos da segunda cidade do Estado.
Enquanto Romero está ativamente engajado, até por ter recebido indicação de que teria recursos e obras para Campina numa eventual gestão Bolsonaro, o senador Cássio Cunha Lima, também tucano, que perdeu a reeleição, não sinaliza a intenção de dar passos concretos para favorecer Bolsonaro no Estado, embora demonstre simpatias por ele por representar o antipetismo. Luciano Cartaxo e Lucélio já foram filiados ao PT mas perderam credibilidade no partido com atitudes políticas que têm assumido, como a de se aliar ao esquema Cunha Lima no último pleito. Os irmãos gêmeos ficam inibidos, também, em declarar alinhamento com Haddad devido ao protagonismo do governador Ricardo Coutinho (PSB) na campanha do petista, juntamente com o governador eleito João Azevêdo. Há um mutirão de petistas e socialistas no Estado para conseguirem votos para Haddad. O Frei Anastácio Ribeiro, atual deputado estadual e que foi eleito deputado federal pelo PT, comenta pesquisas de opinião pública com largo favoritismo de Bolsonaro e observa que, mesmo assim, identifica possibilidades de reversão desse cenário.
Nos meios políticos paraibanos, afirma-se que Romero Rodrigues, com o apoio a Bolsonaro, em contraponto a Ricardo Coutinho, é quem se credencia a construir uma alternativa no processo local, avançando na ocupação de espaços em comparação com Cássio e com o seu filho, Pedro Cunha Lima, reeleito deputado federal. Quem também está silencioso no processo do segundo turno é o senador José Maranhão, do MDB, que perdeu a disputa ao governo do Estado e acompanhou o desmoronamento do seu partido, que não elegeu nenhum representante à Câmara Federal e contará com apenas um deputado estadual Raniery Paulino, na próxima legislatura. Maranhão ainda tem mandato de senador, mas dividirá espaços com Veneziano Vital do Rêgo, ex-MDB, hoje PSB, ligado ao governador Ricardo Coutinho, e com a senadora eleita Daniella Ribeiro, do PP, que se aliou aos Cunha Lima e aos Cartaxo no primeiro turno da disputa eleitoral.
Nonato Guedes