Já está acertado: a partir de fevereiro, quando tiver concluído o mandato de senador conquistado nas urnas em 2010, Cássio Cunha Lima assumirá a presidência do diretório regional do PSDB na Paraíba, tendo como principal desafio a tarefa de rearticular o partido. Ele ficará no lugar de Ruy Carneiro, que foi eleito deputado federal com 61.259 votos. Ruy estava sem mandato parlamentar desde 2014, quando foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Cássio Cunha Lima, derrotada em segundo turno pelo governador Ricardo Coutinho.
A derrota de Cássio na campanha pela reeleição este ano causou surpresa entre os tucanos paraibanos, sobretudo porque o parlamentar ficou em quarto lugar no páreo. Ele começou liderando intenções de voto, mas foi atropelado no decorrer da disputa por sua parceira, Daniella Ribeiro (PP), eleita primeira senadora da história política da Paraíba, e pelo atual deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, que migrou do MDB para o PSB e teve todo o apoio do governador Ricardo Coutinho para ser alçado ao Senado. Além de Veneziano, a chapa oficial apoiada por Ricardo teve o deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores, como segundo candidato ao Senado. O petista obteve votação expressiva, mas insuficiente para assegurar a vitória.
O esquema ricardista comemorou a vitória, em primeiro turno, do candidato a governador, João Azevêdo, que derrotou pesos-pesados como o senador José Maranhão, do MDB, e estreantes como Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PV. Lucélio teve o apoio direto de Luciano, do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), cuja mulher, Micheline, figurou como candidata a vice, e do senador Cássio Cunha Lima, que foi derrotado. O governador Ricardo Coutinho atribuiu a derrota de Cássio ao que chamou de estilo ultrapassado de fazer política do senador tucano, que teria apostado, equivocadamente, na influência de oligarquias familiares remanescentes na política paraibana. Cássio e Ricardo foram aliados na campanha de 2010, mas romperam em pouco tempo.
O senador tucano da Paraíba esteve na linha de frente do movimento pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, acusada de ter praticado pedaladas fiscais à frente do Executivo, conforme denúncia formulada pelo Tribunal de Contas da União, além de envolvimento em outras irregularidades. Coincidentemente, Dilma foi também derrotada para o Senado nas eleições deste ano, ao concorrer pelo estado de Minas Gerais. A exemplo de Cássio Cunha Lima, que a combateu no Senado, Dilma chegou a liderar pesquisas como favorita, mas no curso da campanha enfrentou sangria de votos. O senador tucano da Paraíba tem evitado, até agora, um pronunciamento mais detalhado sobre as causas da sua derrota na tentativa de obter a reeleição. Limitou-se a afirmar que não precisa de mandato para defender os interesses do Estado. Seu filho, Pedro Cunha Lima, foi reeleito à Câmara Federal, mas com votação que ficou abaixo das expectativas.
Nonato Guedes