Recorrendo ao método de consultas discretas e procurando ao máximo evitar estardalhaço, o governador eleito da Paraíba, João Azevêdo (PSB), dedica-se à costura do secretariado que tomará posse com ele a partir de janeiro, quando estiver concluída a gestão Ricardo Coutinho. Interlocutores do governador eleito ressaltam que ele terá a preocupação de mesclar a equipe com técnicos e políticos, mas a condição sine-qua-non para a indicação ou confirmação de nomes é o mérito ou a competência para o exercício de missões executivas.
Azevêdo tem dito, em off, que tem consciência dos inúmeros desafios que enfrentará, sobretudo no que diz respeito à manutenção do equilíbrio fiscal que foi perseguido até agora pelo governo Ricardo Coutinho, com o pagamento em dia aos servidores públicos e a correta aplicação de recursos destinados a investimentos e obras em setores essenciais. O prognóstico acerca de dificuldades futuras leva em conta a situação de instabilidade econômica e social do país, agravada por uma disputa eleitoral para presidente da República, que foi empurrada para o eleitor para o segundo turno, no próximo domingo. Seguindo a diretriz de Ricardo Coutinho, Azevêdo declara voto no candidato Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, contra Jair Bolsonaro, do PSL. Mas, no íntimo, mantém a expectativa de que a Paraíba não seja penalizada em hipótese de vitória de Bolsonaro.
O governador eleito tem procurado manter entrosamento constante com o governador Ricardo Coutinho para efetuar uma transição tranquila do ponto de vista administrativo. No círculo de Azevêdo não se descarta o aproveitamento de nomes de secretários com vinculação ou passagem pelos governos de Ricardo Coutinho, entre os quais Waldson de Souza, do Planejamento, que é considerado horsconcours. Azevêdo também tem feito gestos no sentido de obter a colaboração de deputados estaduais da base aliada e atrair o apoio de deputados oposicionistas para as primeiras medidas que venham a ser adotadas e sobre as quais fecha-se em copas, sem deixar vazar qualquer especulação. Para deputados da própria base, poderão ocorrer alterações referentes à questão do quadro de pessoal, com supostos cortes de cargos comissionados dentro da praxe de enxugamento adotada por todo governante em início de mandato.
Azevêdo mira, também, a futura bancada federal, que será de valiosa importância na liberação de recursos e na alocação de verbas através de emendas ao orçamento. O novo governante tem o apoio incondicional do deputado federal Gervásio Maia, o primeiro do atual PSB eleito para a Câmara, mas tenta estabelecer diálogo com outros parlamentares, da base aliada e da oposição, invocando como argumento a necessidade de colocar os interesses da população paraibana acima de tudo. Eleito no primeiro turno, derrotando candidatos como José Maranhão e Lucélio Cartaxo, João Azevêdo procura, em entrevistas, tranquilizar os paraibanos quanto às medidas que terá que tomar, ressaltando, sempre, que não lhe faltará sensibilidade para reconhecer as legítimas aspirações da população mais carente.
Nonato Guedes