Em entrevistas, ontem, a cinco emissoras de televisão, inclusive a Globo, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) confirmou a intenção de convidar o juiz Sérgio Moro para ser ministro da Justiça ou, se for o caso, ocupar cadeira de ministro no Supremo Tribunal Federal. Sérgio Moro é o principal executor da Operação Lava-Jato, que prendeu políticos e empresários acusados de envolvimento em corrupção e lavagem de dinheiro. Foi ele, também, quem decretou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ordenou a sua prisão na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Bolsonaro também confirmou a indicação do economista Paulo Guedes para a pasta da Economia no seu governo, com a responsabilidade de cumprir o seu receituário que prevê enxugamento da máquina administrativa e controle rigoroso de gastos, bem como uma política de privatizações de empresas estatais. O presidente eleito agradeceu a mensagem postada pelo adversário Fernando Haddad (PT) em redes sociais, desejando-lhe êxito e sorte ao Brasil. Haddad retomou, ontem, as atividades docentes em São Paulo, enquanto, no campo da oposição, Guilherme Boulos, do PSOL, promete deflagrar manifestações de rua protestando contra a eleição de Bolsonaro e contra declarações e atitudes dele que, a seu ver, configurariam sinais de ameaça à democracia e a direitos adquiridos.
O presidente eleito manteve a maratona de reuniões com interlocutores e pessoas de sua confiança, para traçar diretrizes da transição com o governo do presidente Michel Temer (MDB), que já se colocou à disposição para o repasse de informações e apelou a Bolsonaro para indicar os nomes de seu círculo, podendo chegar a 50 a comissão de transição designada pelo presidente eleito. Jair Bolsonaro fez duros ataques ao jornal Folha de São Paulo, confessando-se ressabiado com informações veiculadas pelo órgão e que, conforme ele, são inverídicas. Se depender de mim, a Folha de São Paulo vai acabar por si própria, disse o presidente eleito, admitindo retaliações contra o jornal dos Frias do ponto de vista de recursos destinados à propaganda institucional do governo. Houve acenos, também, para a extinção do ministério da Cultura, que no círculo de Bolsonaro é encarado como um cabide de verbas graciosas para artistas e intelectuais. O presidente eleito prepara-se para roteiro de viagens internacionais a pretexto de estreitar laços e carrear investimentos para o Brasil. Ele se disse lisonjeado com telefonemas de apoio que recebeu de inúmeros chefes de Estado, a partir do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e asseverou que investirá em programas e políticas de cooperação e intercâmbio sem levar em conta, todavia, o que chamou de viés ideológico de esquerda.
Nonato Guedes, com agências