O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, agindo como um dos interlocutores do presidente eleito Jair Bolsonaro, antecipou que o Ministério das Cidades, criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2003 será extinto. De acordo com o emissário do presidente eleito, Bolsonaro pretende manter uma relação direta com governadores que não o apoiaram na última campanha eleitoral, a exemplo de Paulo Câmara, em Pernambuco e, na Paraíba, do futuro governador João Azevêdo, ambos do PSB. Azevêdo não chegou a ter um engajamento mais ostensivo na campanha de Fernando Haddad, papel que foi ocupado pelo atual governador Ricardo Coutinho, que não se candidatou a nenhum mandato e resolveu permanecer no Executivo até o último dia.
Em todo caso, o novo governador da Paraíba, eleito no primeiro turno derrotando candidatos como Lucélio Cartaxo (PV) e José Maranhão (MDB), acompanhou a orientação de Ricardo Coutinho e externou preferência por Fernando Haddad. Manifestou, sempre, a expectativa de que em caso de vitória de Jair Bolsonaro, a Paraíba não fosse penalizada ou discriminada. Ainda quando candidato, Bolsonaro, através de emissários na Paraíba, deixou claro que não retaliaria a população paraibana devido à postura dos governantes locais.
Disse, inclusive, atribuir o apoio de Ricardo Coutinho a Haddad ao fato de o governador atual ser amigo pessoal do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, que está preso em Brasília. O Ministério das Cidades já foi ocupado pelo deputado federal paraibano reeleito Aguinaldo Ribeiro, do PP, no governo de Dilma Rousseff. A presidente chegou a se confraternizar com familiares de Aguinaldo em visita feita a Campina Grande quando ainda não havia enfrentado o impeachment e consequente afastamento. Ribeiro, no segundo mandato de Dilma, votou pelo seu impeachment na Câmara e tornou-se líder do presidente Michel Temer, que assumiu com a saída de Dilma.
A ex-presidente passou recibo de desapontamento com a atitude do deputado federal paraibano, seu ex-ministro, recapitulando que deu-lhe tratamento de filho quando esteve na presidência da República e que não foi correspondida por ele. Como líder de Temer, Aguinaldo empenhou-se pela aprovação de reformas de interesse do Planalto, mas não teve força política devido à insatisfação dos parlamentares do governo e consequente distanciamento de Temer, devido aos altos índices de rejeição experimentados por ele.
O Ministério das Cidades foi ocupado, também, por outro expoente do PP, Mário Negromonte, que teria saído em meio a insinuações de irregularidades. A assessoria do presidente eleito Jair Bolsonaro ressaltou que a relação dele com governadores que não o apoiaram será republicana e descartou os rumores de que gestores tenham que ir a Brasília com o pires na mão para receber esmolas do Planalto. Isto não acontecerá, garantiu Bivar. Além da reeleição de Aguinaldo, seu clã comemorou a vitória da irmã dele, Daniella, deputada estadual, para o Senado. Também concorrendo pelo PP, ela se tornou a primeira senadora eleita da história da Paraíba, atropelando seu parceiro de campanha, o atual senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que não foi reeleito e já anunciou seu afastamento da vida pública estadual.
Nonato Guedes