O governador eleito da Paraíba, João Azevêdo (PSB), não teme suposta retaliação do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ao Estado em face da sua posição de apoio ao candidato derrotado Fernando Haddad (PT). Azevêdo expressou nas últimas horas que confia em que seja dado um tratamento republicano à Paraíba pelo futuro presidente da República. Sugeriu, ainda, que fossem relevadas declarações ou arroubos ditos no calor da emoção da disputa eleitoral recém-encerrada. Azevêdo, que foi eleito em primeiro turno, seguiu a postura do atual governador Ricardo Coutinho, que declarou apoio a Haddad, porém, não radicalizou nas suas intervenções públicas acerca do processo eleitoral.
A prioridade máxima do governador que tomará posse no começo de janeiro é a de assegurar recursos e apoios para viabilizar metas e projetos que defendeu como plataforma de campanha na eleição deste ano. Em Brasília, ele manteve contato, indistintamente, com parlamentares de várias legendas, a exemplo do deputado federal reeleito Aguinaldo Ribeiro, do PP, atual líder do governo Michel Temer (MDB) e que na disputa paraibana formou com a candidatura de Lucélio Cartaxo (PV), apoiado por um grupo de oposição ao governador Ricardo Coutinho. Azevêdo considerou proveitosos os contatos na capital federal.
Por meio de emissários políticos que têm ligações com a Paraíba, o presidente eleito deixou claro que não hostilizará gestores que não o apoiaram no recém-encerrado pleito executivo. Foi taxativo ao salientar que não estimulará a política de pires na mão, que consiste na atitude de governadores de Estados menores de implorar recursos à União. Bolsonaro garantiu manter uma relação institucional e respeitosa, colocando acima de tudo os interesses prementes de Estados e municípios. Ele já anunciou que extinguirá o ministério das Cidades, que servia como ponte entre o Planalto e os gestores de unidades da Federação, explicando que pretende manter linha direta, sem intermediários e muito menos barganha política. O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), que declarou apoio a Bolsonaro, mantém-se confiante no prestígio do novo presidente ao Nordeste.
Bolsonaro terá interlocutores da Paraíba na Capital federal como o deputado federal eleito Julian Lemos, do seu partido, que atuou como braço-direito do candidato no Nordeste na recente disputa. O PSL de Bolsonaro não cogita renegar sua participação na Ação de Investigação Judicial Eleitoral movida contra Haddad no TSE e que tem como parte o atual governador paraibano Ricardo Coutinho, inquinado por utilização da máquina pública em prol da candidatura de Haddad e por denegrir a imagem de Bolsonaro, através do jornal oficial A União. A coligação de Bolsonaro também acionou a Justiça para apurar a utilização da estrutura da Universidade Estadual da Paraíba na alavancagem da candidatura de Haddad, com expressa anuência do reitor da UEPB e omissão do governador Ricardo Coutinho.
Nonato Guedes