Não obstante as principais lideranças políticas paraibanas afirmem que é precipitada a discussão sobre eleições municipais em 2020, sobretudo na Capital, João Pessoa, e na segunda maior cidade, Campina Grande, as especulações correm livremente no noticiário, em alguns casos provocando impacto pela novidade que traduzem. Nas últimas horas, o cenário político agitou-se com o lançamento da candidatura do recém-deputado estadual eleito Walber Virgolino a prefeito de João Pessoa, feito pelo deputado federal eleito Julian Lemos, braço-direito da campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Walber Virgolino teve atuação executiva à frente da secretaria de Administração Penitenciária nos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte e a sua eleição a deputado estadual pelo PSL foi encarada como consequência ou reflexo da visibilidade do fenômeno Jair Bolsonaro, que ascendeu ao Palácio do Planalto na esteira de um discurso contra a criminalidade e a violência. Uma provável candidatura de Virgolino pode desestabilizar o quadro que vinha sendo desenhado por forças políticas mais ativas em João Pessoa. No PSB, tem sido dada como certa uma candidatura do governador Ricardo Coutinho à prefeitura, que ele já exerceu por duas gestões. Não sendo Ricardo o candidato, outros nomes ganham projeção como alternativas, tanto dentro do PSB como no entorno de partidos que foram aliados do governador na campanha deste ano.
Uma das opções, em paralelo, é a provável candidatura do deputado federal Luiz Couto, do Partido dos Trabalhadores. Ele disputou uma vaga ao Senado, alcançou votação destacada mas não logrou se eleger e ficará sem mandato a partir de janeiro, a despeito do desempenho marcante na Câmara em várias legislaturas, sobretudo empalmando a bandeira da defesa dos direitos humanos. Couto foi lançado ao Senado pelo próprio governador Ricardo Coutinho, que conseguiu vitoriar apenas com a eleição de Veneziano Vital do Rêgo, deputado federal pelo PSB. A outra vaga foi conquistada por Daniella Ribeiro, do PP, que apoiou Lucélio Cartaxo (PV) ao governo.
Luiz Couto já foi candidato a prefeito de João Pessoa, tendo perdido para Cícero Lucena (PSDB), que governou a Capital duas vezes. O PT, depois de várias tentativas, conseguiu conquistar a prefeitura pessoense em 2012 com a vitória de Luciano Cartaxo, reeleito em 2016. Na campanha à reeleição, porém, Cartaxo concorreu pelo Partido Verde, depois de ter passado pelo PSD em meio ao rompimento com o PT. Em 2018, o irmão gêmeo de Luciano, Lucélio, disputou o governo do Estado em aliança com o grupo Cunha Lima, mas ficou em segundo lugar, perdendo para João Azevêdo, do PSB. Luciano tem nomes da cozinha para preparar à sua sucessão, mas possivelmente sem muita densidade diante de pesos-pesados que estão eclodindo no cenário. O prefeito, de resto, é criticado por ter ficado em cima do muro na eleição presidencial recente ele liberou a militância e aliados no segundo turno e não declarou oficialmente engajamento por Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. Nomes como Efraim Morais (DEM) e Wilson Filho (PTB) também são lembrados para concorrer à prefeitura de João Pessoa, havendo expectativa quanto ao comportamento do MDB, que sofreu grandes desfalques na recente disputa, passando a contar com apenas um deputado estadual Raniery Paulino e nenhum federal.
Nonato Guedes