O governador paraibano Ricardo Coutinho (PSB) que deixará o cargo com a investidura do sucessor e correligionário João Axevêdo, da mesma agremiação, revelou nas últimas horas que ao deixar o Palácio da Redenção atuará como militante político em defesa da causa da democracia no país. Para ele, estão em discussão propostas que sinalizam para claros retrocessos em avanços alcançados até agora pela maioria da sociedade, incluindo direitos de trabalhadores. Mas ele teme que haja uma articulação de forças conservadores, a partir de bancadas no Congresso, para retirar esses avanços.
A preocupação do governador, conforme ele traduziu, é com o estímulo e a disseminação de propostas que chegam a ter caráter fascista e que tendem a constar das prioridades do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), contra o qual ele se manifestou no palanque estadual. Há setores retrógrados que apoiam propostas com viés de lugar-comum sem aprofundarem o conhecimento do que está em jogo e que poderá prejudicar diretamente a esses segmentos, avaliou o gestor paraibano, que conseguiu eleger seu candidato, João Azevêdo, no primeiro turno, contra uma frente de oposições que foi formada.
Ricardo, que já foi filiado ao PT e saiu da legenda sentindo-se rifado no propósito de concorrer à prefeitura de João Pessoa, deu passos concretos para reaproximação com expoentes nacionais e locais do petismo, a exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ex-presidente Dilma Rousseff, que vieram a seu convite para conhecer de perto a chegada das águas oriundas da transposição do rio São Francisco. Coutinho solidarizou-se com Dilma quando do impeachment, endossando a teoria de que houve golpe parlamentar. Mais solidário, ainda, ficou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde a decretação de sua prisão pelo juiz Sergio Moro, futuro ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Para o chefe do Executivo paraibano, foi, no mínimo, antiética a postura de Moro em aceitar ser ministro de Bolsonaro, o que teria demonstrado que ele se portou com imparcialidade no julgamento de Lula. A sociedade têm uma consciência solar desse lamentável episódio, conceituou o governador. Ricardo foi informado pelo PT de que nas periferias dos grandes centros urbanos pretende montar comitês antifascistas, grupos encarregados de mapear casos de violência eventualmente cometida contra negros, mulheres e o público LGBT. A iniciativa visa a aprofundar a associação da sigla com a defesa dos direitos humanos e individuais. A iniciativa partiu do PT mas é válida para todos os questão sinceramente comprometidos com as causas democráticas no país, assinalou.
Nonato Guedes