A eleição de Veneziano Vital do Rêgo (PSB) e Daniella Ribeiro (PP) para o Senado como representantes da Paraíba foi um fato auspicioso, sem nenhum demérito nem de longe às atuações de Vital do Rêgo Filho, Cássio Cunha Lima e Raimundo Lira, remanescentes da disputa de 2010 que fecha as cortinas na virada do ano para 2019. Vital, que foi retirado da cadeira no Senado para uma função técnica no Tribunal de Contas da União, foi um gigante na abordagem de problemas nacionais e de demandas específicas da Paraíba, valendo lembrar, a título de exemplo, as brigas que comprou com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) tendo como pano de fundo a partilha dos royalties do petróleo extraído na camada do pré-sal. Vital presidiu uma comissão poderosa, a do Orçamento, e foi figura de proa em CPI instaurada no Congresso, que nem sempre rende totalmente o esperado, mas sempre corresponde em algumas coisas. A CPI, muitas vezes, não é para indiciar, mas para prevenir e coibir abusos envolvendo o dinheiro público. Criar um marco, do tipo: daqui pra frente é proibido.
Lira assumiu na vaga de Vital e procurou colocar em prática o estilo que o credenciou como político identificado com as bandeiras municipalistas. Quebrou o galho de muitos municípios que estavam com a corda no pescoço e ainda arranjou tempo para reforçar o governador Ricardo Coutinho nos pleitos macro do Estado, quer junto ao próprio presidente da República, quer em ministérios ou mediante emendas impositivas no OGU. Cássio fez oposição ostensiva aos governos de Dilma Rousseff, cumprindo uma orientação nacional do PSDB, e se expôs na linha de frente do impeachment da ex-gestora. No entanto, ocupou espaços sempre que localizou brechas na esfera de poder para favorecer a população paraibana, honrando compromissos assumidos em campanha eleitoral. Lira optou por não disputar o que seria a reeleição, Cássio foi derrotado em meio ao esgotamento natural de ciclos políticos, decretado pelo eleitor de acordo com a sua consciência e com a voz rouca das ruas. A Paraíba deve muito a Vital, Cássio e Raimundo Lira.
Daniella e Veneziano chegam ao Senado ostentando perfis diferentes a pepista laureada pela responsabilidade de ser a primeira mulher senadora eleita pela Paraíba, o agora socialista turbinado pela energia generosa de bem servir ao povo. O que menos importa, no momento, é o tom do governo de Jair Bolsonaro em relação à Paraíba, diante do compromisso que ele assumiu de não discriminar o Estado onde não teve votação esperada. A Paraíba voltará as atenções para a performance de Veneziano e Daniella. O primeiro leva na bagagem mandatos políticos no executivo, em Campina Grande, e no legislativo, como a Câmara Federal, onde pontifica por ora. A bagagem de Daniella abarca mandatos legislativos, mas carrega ideais e vontade de fazer, de marcar presença, de não passar em brancas nuvens. É dos dois que, agora, a Paraíba espera muito, ombreados, também, ao senador José Maranhão (MDB) que ainda tem quatro anos de mandato a cumprir.
Em termos de representatividade e méritos, abstraindo siglas e outras idiossincrasias inerentes ao jogo político, Veneziano e Daniella chegarão ao Congresso Nacional em 2019 para turbiná-lo com as propostas que o idealismo faz brotar. Este é um ponto extremamente positivo porque, em tese, é garantia de renovação qualitativa, não apenas de renovação etária. De há muito o Congresso tem passado por choques de engajamento na pauta que emana do povo. Veneziano e Daniella terão juízo de sobra, além das qualidades intelectuais intrínsecas, para honrar os mandatos e elevar o nome da Paraíba.
Por Nonato Guedes