No retorno à Paraíba, depois de viagem de férias ao exterior que incluiu Portugal, o governador eleito João Azevêdo (PSB) retomou a rotina dos preparativos para sua investidura no cargo, tendo comandado reunião com o objetivo de pacificar a bancada governista na Assembleia Legislativa. Ele contou com o reforço, nessa missão, do atual governador Ricardo Coutinho, fiador mor da vitória de Azevêdo sobre as oposições ainda no primeiro turno da disputa deste ano. A bancada governista enfrenta divergências que passam pelo processo de escolha da futura Mesa Diretora da Casa de Epitácio Pessoa.
Os governistas eleitos somam 22 deputados. A maioria manifestou apoio ao deputado Adriano Galdino para voltar a presidir o Legislativo, bem como uma Proposta de Emenda Constitucional proibindo a antecipação de eleição da Mesa e a adoção da reeleição, o que provocou indignação do governador Ricardo Coutinho sob a justificativa de que não foi consultado a esse respeito. Há uma grande expectativa em torno dos primeiros nomes que Azevêdo deverá anunciar para compor seu secretariado, mas o assunto continua sob sigilo rigoroso, sem que tenha vazado qualquer pista para a imprensa.
No reverso da medalha, treze deputados estaduais de um total de 14 eleitos pela oposição para a próxima legislatura pretendem promover hoje uma primeira reunião para definir posicionamentos relacionados com a postura a ser adotada em relação ao governo de Azevêdo, bem como sobre o posicionamento atinente à eleição da nova Mesa da Assembleia Legislativa. O encontro servirá para uma apresentação dos novatos e para sondagens em torno da escolha do futuro líder da oposição, que ficará para fevereiro. Alguns parlamentares oposicionistas já emitiram declarações advertindo que não pretendem fazer oposição raivosa ao governador eleito João Azevêdo mas que não abrirão mão da prerrogativa de cobrar transparência por parte da futura gestão.
O atual governador Ricardo Coutinho e o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PV, cujo irmão gêmeo Lucélio foi derrotado ao tentar chegar ao governo, voltaram a se desentender, ontem, a propósito de avaliações sobre os resultados das últimas eleições, que foram marcadas pela desunião das oposições. A declaração feita por Luciano Cartaxo de que foi um erro da oposição enfrentar um governo com estrutura muito forte e de forma dividida motivou o seguinte rebate do governador Ricardo Coutinho: A população puniu quem só tem conversa, quem só tem discurso vazio, quem não consegue respeitar minimamente o progresso de uma cidade do porte de João Pessoa. Cartaxo entende que se as oposições estivessem juntas desde o primeiro momento, com certeza o resultado seria outro, completamente diferente.
Nonato Guedes