O MDB, partido em vias de extinção na Paraíba pelo desfalque de quadros importantes e por derrotas acumuladas em eleições majoritárias, viveu sua fase áurea no Estado na década de 90, quando se denominava PMDB e elegeu três governadores. No início da década, Ronaldo Cunha Lima, que de há muito perseguia indicação como candidato ao governo, foi finalmente ungido, tendo como vice Cícero Lucena, empresário com atuação na construção civil. A disputa contou, ainda, com a participação de mais dois candidatos principais Wilson Braga (PDT) e João Agripino Neto (PRN). O segundo turno foi decidido entre Ronaldo (que teve o apoio de João Neto) e Wilson, com a vitória do peemedebista.
Em 1994, o (P)MDB elegeu Antônio Mariz contra a deputada federal Lúcia Braga, tendo como vice o então deputado federal José Targino Maranhão. Mariz fez a campanha enfrentando problemas de saúde decorrentes de câncer no cólon e faleceu em setembro de 1995, depois de ter sido internado em São Paulo e ser permanentemente assistido por equipes médicas na Paraíba. Maranhão empenhou-se em levar adiante o governo da solidariedade, que havia sido a marca de Mariz. Em 98, com a instituição da reeleição para presidentes da República, governadores de Estados e prefeitos municipais, Maranhão resolveu candidatar-se, desafiando o grupo Cunha Lima, que planejava lançar o hoje senador Cássio como candidato. Tendo como vice Roberto Paulino, Maranhão derrotou os Cunha Lima em convenções internas e foi homologado candidato. Seu adversário acabou sendo Gilvan Freire, deputado estadual, que concorreu pelo PSB e tinha a simpatia dos Cunha Lima. Maranhão obteve proporcionalmente a maior vitória em todo o país e a sua eleição levou o clã liderado por Ronaldo a deixar o (P)MDB, migrando para o PSDB.
Originalmente, a arrancada para o ciclo de vitórias do (P)MDB ao governo estadual, destronando a hegemonia do PDS-PFL, foi deflagrada em 1986, quando Tarcísio de Miranda Burity, oriundo do PDS-PFL, foi adotado como cabeça de chapa, numa concessão do senador Humberto Lucena, que era o candidato natural do partido mas enfrentara problemas de saúde que o levaram a se internar em São Paulo, de onde dirigiu proclamação aos paraibanos indicando Burity e mantendo sua candidatura à reeleição ao Senado. A relação entre Burity e o (P)MDB, contudo, foi marcada por tumultos e tensões, levando ao rompimento do então governador, que acabou se filiando aos quadros do PRN, criado por Fernando Collor de Mello para revestir sua candidatura vitoriosa a presidente da República em 89. Foi com Ronaldo em 90 que o (P)MDB sentiu-se efetivamente no poder, por causa dos vínculos históricos do poeta com a agremiação. Em março de 91, Humberto Lucena fez um discurso na tribuna do Senado analisando o resultado das eleições e dizendo que a Paraíba iria mudar. Com a posse de Ronaldo Cunha Lima, o povo do meu Estado voltou a sorrir com esperança e fé na retomada do seu destino de trabalho, honradez e desenvolvimento, apregoou Humberto.
No discurso de posse, Ronaldo foi enfático: mudanças haverá, de comportamento e atitudes. Mudaremos e avançaremos, por mais firmes que sejam as amarras que tentem nos prender, por mais fortes que sejam os grilhões que tentam nos imobilizar. Um dos feitos de Ronaldo foi a reabertura do Paraiban, banco estadual de fomento, que sofrera liquidação extrajudicial no governo de Collor. Nos anos 2000, o PSDB ascendeu ao poder com Cássio Cunha Lima em 2002 e 2006, e a partir de 2010 Ricardo Coutinho, do PSB, deu as cartas no processo. A derrota de Maranhão nas eleições deste ano, a ausência de representação na Câmara Federal e a reeleição de um único deputado estadual Raniery Paulino são sinais eloquentes do vertiginoso declínio experimentado pelo (P)MDB na Paraíba. O senador Maranhão ainda não se manifestou sobre os rumos a serem tomados.
Nonato Guedes