Diplomado em dezembro de 2010, Ricardo Vieira Coutinho (PSB) tomou posse em primeiro de janeiro de 2011 como o primeiro governador da era digital na Paraíba. O processo de divulgação dos nomes dos auxiliares de primeiro escalão e escalões intermediários ocorreu através do Twitter, sinalizando a conexão de Ricardo com as redes sociais interativas. Depois de anunciados pelo Twitter, os secretários reuniam a imprensa para sabatina. A tônica dominante nos seus pronunciamentos era a denúncia da herança maranhista, referência ao ex-governador José Maranhão, que se investira em fevereiro de 2009, excepcionalmente, com a cassação do mandato de Cássio Cunha Lima pelo TSE. A herança se refletia, conforme os depoimentos de expoentes da gestão ricardista, em inchaço na folha de pessoal e obras paralisadas em setores essenciais.
Na campanha eleitoral travada em 2010, a candidata lançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão, Dilma Roussefff, evitou vir à Paraíba porque tanto Ricardo quanto Maranhão recomendavam seu nome, embora Cássio Cunha Lima (PSDB) e Efraim Morais (DEM), que apoiaram Ricardo, alegassem compromissos com José Serra. O pragmatismo de Ricardo, espelhado na lógica de que não se recusa apoios, funcionou definitivamente em seu favor e ele chegou com méritos ao Palácio da Redenção, coroando uma trajetória que havia passado pelos mandatos de vereador, prefeito de João Pessoa duas vezes e deputado estadual mais votado na Capital paraibana. O primeiro ano de governo foi pontuado pela adoção de medidas que geraram restrições em camadas da população, a partir do funcionalismo público. Ricardo enfrentou o barulho de uma bancada oposicionista minoritária mas aguerrida na Assembleia Legislativa e não se preocupou em construir maioria ampla baseada na troca de favores. Mesmo assim, infligiu baixas nas hostes adversárias e ganhou apoio para a aprovação de matérias polêmicas do seu interesse.
Um outro ponto de atrito dominante na primeira fase do governo de Ricardo Coutinho foi a sua resistência em repassar duodécimo para outros Poderes como o Judiciário e a Assembleia Legislativa do Estado, sob o argumento de que isto acarretaria um desequilíbrio na situação financeira da Paraíba, penalizando humildes servidores públicos e podendo afetar, inclusive, a capacidade de investimento da administração em obras consideradas essenciais. A abertura de entendimentos por parte de representantes dos demais Poderes facilitou a vida e os passos do governo de Ricardo Coutinho. De forma calculada ou não, do ponto de vista de tática política, o episódio acabou dando margem ao chefe do Executivo para manter os demais Poderes, senão subordinados, pelo menos parcialmente dependentes do Executivo. A atmosfera de radicalização ensaiada acabou propiciando o entendimento, tendo como ponto de partida parâmetros fixados por Ricardo, que era reconhecido de forma indiscutível, como ordenador maior de despesas no Estado.
No final de 2011, em meio à persistência de bolsões específicos de insatisfação, Coutinho anunciou um reajuste geral para os servidores públicos, superior a R$ 300 milhões por ano. Também alegava vislumbrar um programa de investimentos com projeção de R$ 2,5 bilhões a partir do ano seguinte. O socialista não deixou de comemorar a obtenção do equilíbrio financeiro, ainda que à custa de dificuldades aparentemente intransponíveis. Entramos na legalidade retomamos a capacidade de investimento da gestão estadual, ao mesmo tempo que podemos honrar todos os compromissos financeiros. Entre as inovações concretas do governo ricardista destacou-se a implantação do Orçamento Democrático, em que os cidadãos comuns e não os agentes políticos com mandato indicavam prioridades a serem seguidas pela gestão. Cerca de 40% das demandas da então peça orçamentária do Estado derivaram de sugestões de assembleias do Orçamento Democrático. Para Coutinho, não restava dúvida uma nova Era estava em vigor no Estado.
Nonato Guedes