A discussão sobre quem vai liderar as oposições na Paraíba a partir de 2019, com a investidura do governador eleito João Azevêdo (PSB), dando continuidade a avanços da gestão Ricardo Coutinho e imprimindo sua própria marca, ainda não está colocada concretamente no âmbito desse universo político. Os derrotados nas urnas este ano ainda estão lambendo as feridas e, bem ou mal, fazendo mea culpa na base do Onde foi que erramos?. Não é demais especular que o comando do bloco oposicionista está entre Cartaxo (Lucélio, que foi candidato a governador e ficou em segundo lugar, e Luciano, prefeito da Capital e um dos mentores do acordo que deu com os burros nagua) e Cássio Cunha Lima, senador pelo PSDB, que, infelizmente, não foi reeleito mas conserva potencial respeitável junto ao eleitorado paraibano.
Há quem considere dificílima a unidade das oposições com vistas ao futuro argumentando que em 2018 o cenário era muito mais convidativo a tanto e, mesmo assim, a oportunidade foi desperdiçada. O prefeito de João Pessoa, por exemplo, já opinou que se perdeu muito tempo nas definições essenciais para construção de uma alternativa de poder, o que teria prejudicado as pretensões do seu irmão gêmeo Lucélio, atirado no olho do furacão. Os que apostam na inviabilidade de reagrupar o bloco oposicionista ponderam que não é necessário criar um bloco monolítico para fazer oposição a Azevêdo e, sobretudo, ao atual governador Ricardo Coutinho, que a partir de janeiro estará sem mandato, disponível para lançar suas ironias e provocações contra os adversários.
Uma terceira via no segmento oposicionista, representada pelo senador José Maranhão, parece avariada para pleitear posições na linha de frente da disputa política diante do desmonte monumental do MDB no Estado. O partido, que já foi hegemônico durante vários períodos da história recente, não elegeu um só representante à Câmara Federal e assegurou apenas uma cadeira na Assembleia Legislativa, a do deputado Raniery Paulino. Maranhão ainda terá quatro anos de mandato como senador, mas não parece ter pique para se enfronhar em novas tratativas para rearticular o MDB e, muito menos, fortalecer as oposições. O senador pecou pela centralização exercida no comando da agremiação e pelo desestímulo dado a líderes emergentes como o senador Veneziano Vital do Rêgo, com isso arrastando o partido, ainda que involuntariamente, para melancólica posição no quadrado do poder paraibano.
Os Cartaxo, mais do que os Cunha Lima, desejam revanche contra Ricardo Coutinho. Luciano não perdoa o que chama de rolo compressor supostamente montado pelo gestor que se despede para ungir, com mérito e competência, um técnico neófito na militância política, o novo governador João Azevêdo. Ainda por cima, a vitória em primeiro turno valorizou o cacife de Ricardo-Azevêdo e, no reverso da medalha, projetou desgaste dos Cartaxo e dos Cunha Lima. Evidente que além do rolo compressor estadual, compensado em parte pelo rolo compressor de duas grandes prefeituras, as de João Pessoa e Campina, a costura de chapa familiar ou doméstica (o irmão de Luciano e a mulher do prefeito Romero Rodrigues) sacramentou o fiasco das oposições no balanço das urnas. Seja como for, por mais que Azevêdo tenha credenciais e sorte para executar uma boa administração e se cacifar para voos maiores, as oposições poderão se recompor, se tiverem humildade, o que faltou, sobretudo, ao clã Cartaxo nas últimas eleições.
Nonato Guedes