O deputado estadual Raniery Paulino, único parlamentar reeleito pelo MDB para a próxima legislatura, criticou o modelo de coligações em vigor no atual cenário político brasileiro, principalmente para a disputa proporcional. O parlamentar, em declarações ao jornal Correio da Paraíba, chegou a se dizer contrário às coligações por considerar que são prejudiciais aos partidos e atribui a pulverização dos partidos, atualmente, aos reflexos do modelo adotado. Antes de fomentar pautas, a junção dos coligados cria aberrações, verbera Raniery.
Deputado por Guarabira, filho do ex-governador Roberto Paulino, que este ano perdeu as eleições ao Senado, Raniery exemplifica que atualmente não há ideologia alguma, nem no país, muito menos na Paraíba. Existe um Frankenstein ideológico. O governador (Ricardo Coutinho), por exemplo, é do PSB, mas o seu chefe da Casa Civil é da Arena, do Democratas, frisa ele, referindo-se ao ex-senador Efraim Morais, presidente estadual do DEM e que é secretário de Governo. Raniery completou: O que se nota é a junção de água e vinho, não por motivações ideológicas, mas pelo viés de ganhar a eleição. É isto que vem empobrecendo cada vez mais a classe política no Brasil e a própria atividade, bastante desgastada perante a opinião pública.
Raniery opina que enquanto prevaleceu a lógica das coligações o sistema eleitoral esteve infectado por ideais incompatíveis com o objetivo da política. É um sistema que contribui para o toma lá, dá cá, para o fisiologismo puro. O Centrão, um agrupamento que funciona no Congresso Nacional, tem sobrevivido disso. Meu partido, o MDB, nacionalmente tem se caracterizado pelo viés fisiológico. Torço muito para que o MDB fique na oposição. Dos 12 anos que sou deputado, passei um ano e dez meses na situação; nos demais, fui oposição. E estou vivo e eleito. É digno ser oposição e é digno ser governo, faz parte do processo. Agora, ruim é o toma lá, dá cá, enfatizou.
Já o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado reeleito Hervázio Bezerra, do PSB, concorda com as críticas e assinala que antes de representar a união de bandeiras o sistema proporcional é um pacto com fins eleitorais. O interesse é localizado, com prazo determinado, no processo de eleição, por isso não chega a prosperar. Não existe ideologia, é um grande negócio, uma estratégia que só serve para campanha. Há partidos em que os deputados eleitos já divergiram da coligação, atestou Hervázio. O líder governista entende que a dinâmica atual das coligações cria mercados de votos.
– No processo de filiação argumenta ele alguns partidos pequenos ficam procurando atrair filiados e pré-candidatos, acenando com facilidades. Eu proponho que deve se eleger quem tem votos. A minha vontade é que já tivesse sido feita uma reforma de modo que fossem eleitos os 36 candidatos efetivamente mais votados. Defendo o fortalecimento partidário com o fim da coligação.