Enquanto o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) já sacramentou nomes para Ministérios e avança, agora, pelo preenchimento de cargos nos escalões intermediários, o governador eleito da Paraíba, João Azevedo (PSB) fechou-se em copas e manteve até agora, em banho-Maria, o anúncio de nomes para o secretariado e demais pastas do organograma administrativo. Contrariando a versão de que iria liberar nomes através das redes sociais, repetindo método que foi utilizado por Ricardo Coutinho, o primeiro governador da era digital do Estado, Azevedo não forneceu nenhuma pista nem programou qualquer contato com a imprensa para falar sobre a equipe.
Fontes ligadas ao governador eleito garantem que ele já tem, na cabeça, nomes definidos e acrescentam que alguns dos futuros secretários ou auxiliares já foram convidados ou sondados diretamente por ele, mas essas mesmas fontes não arriscam comentários ou especulações, ora alegando que Azevedo não comentou nada, ora insinuando que ele não definiu concretamente titulares de Pastas estratégicas. Ontem, circularam rumores de que estaria havendo uma divergência entre Ricardo Coutinho e João Azevedo, diante do suposto interesse do atual governador em que o secretário de Segurança, Cláudio Lima, fosse mantido na Pasta. A pretensão estaria colidindo com outras preferências do governador eleito para o cargo.
Interlocutores muito próximos de Ricardo asseveram que ele não está tendo interferência nenhuma nas cogitações e decisões de Azevedo acerca da formação da equipe e que respeita a plena autonomia do sucessor para formar seu próprio secretariado. Adiantam que o atual governador não se imiscuirá de dar uma opinião sobre nomes se for consultado por Azevedo, mas que não está impondo a permanência de ninguém, embora seja corrente a informação de que por iniciativa do próprio governador eleito alguns titulares de cargos serão mantidos, pela competência demonstrada, pelo conhecimento dos problemas afetos às Pastas e pelo eventual acesso a canais influentes de poder em Brasília e em outros centros de decisão.
Há assessores do governador Ricardo Coutinho empenhados em atuar como algodão entre cristais no relacionamento dele com João Azevedo, no sentido de abafar ou eliminar vestígios de intrigas e mal-entendidos que possam vir a prosperar, afetando a relação pessoal de amizade estreita entre ambos. Azevedo, além de ter tido atuação técnica decisiva em gestões de Ricardo, quer na prefeitura de João Pessoa, quer no governo do Estado, sempre foi nome in pectoris de Coutinho para missões políticas, tendo sido cogitado para concorrer à prefeitura da Capital e, posteriormente preservado para desafios mais relevantes.
Vitorioso no primeiro turno nas eleições ao governo este ano, com o apoio decisivo de Ricardo Coutinho, que se credenciou pela boa aprovação popular à sua administração, Azevedo antecipou que não abrirá mão do concurso da colaboração do atual governador até na tomada de decisões sobre assuntos de Estado. O tom das declarações do novo governador, até agora, tem sido o de afinidade com Ricardo, e o governador atual vem tendo papel importante na definição do processo de eleição da futura Mesa da Assembleia Legislativa, a pedido do próprio Azevedo. Fora daí, subsiste a grande expectativa de setores do comércio, indústria e outros segmentos da sociedade em relação à cara do novo governo que vai se instalar na Paraíba.
Nonato Guedes