O governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) já foram aliados e tornaram-se adversários políticos na Paraíba. No começo de 2019, ambos estarão unidos por uma circunstância: ficarão sem mandato político. Ricardo optou por não ser candidato a nenhum mandato em 2018, embora fosse cortejado pelos seus liderados para disputar o Senado, com perspectiva de vitória. Cássio foi candidato à reeleição ao Senado mas foi fragorosamente derrotado, embora as pesquisas iniciais projetassem o seu favoritismo. Ricardo deverá retornar aos quadros da Universidade Federal da Paraíba, onde era lotado antes de empalmar oito anos de mandato no governo estadual. Cássio cogita atuar em banca de advocacia em Brasília e antecipou que não será candidato a prefeito de Campina Grande em 2020. Ambos têm cacife para disputar as prefeituras de João Pessoa (Ricardo) e de Campina (Cássio).
A aproximação política entre Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima materializou-se na eleição de 2010, quando Ricardo procurava aliados de peso para fazer frente ao então governador José Maranhão, que seria candidato à reeleição pelo extinto PMDB. Maranhão assumira o governo, excepcionalmente, em fevereiro de 2009, após o Tribunal Superior Eleitoral decretar a cassação dos mandatos de Cássio e do vice, José Lacerda Neto, então filiado ao DEM, acatando representações que os acusavam de conduta vedada e improbidade administrativa durante a campanha de 2006, quando Cunha Lima foi reeleito. Frente à cassação, que não teve reversão, apesar das expectativas em contrário, Cássio declarou-se vítima do maior erro judiciário da história do país. E, na sequência, viajou com a família para temporada nos Estados Unidos. De lá, voltou repaginado politicamente e candidatou-se ao Senado, mas fazendo parceria com Ricardo Coutinho, já no PSB, para o governo do Estado.
O gesto de Cássio, aliando-se a Ricardo, foi acompanhado pelo então senador Efraim Morais, do Democratas, que habilitou-se na disputa pela reeleição juntamente com Cunha Lima, não logrando êxito os dois senadores eleitos em 2010 foram Cássio Cunha Lima e Vital do Rêgo Filho |(PMDB). O cenário político de 2010 assinalou uma guinada na história da Paraíba, mas, cobrado a respeito, Ricardo Coutinho assim se expressou sobre a aliança feita com o PSDB e o DEM: Não se deve recusar apoios quando o objetivo é implantar um projeto de desenvolvimento para o Estado. A aliança feita é correta e positiva. As urnas demonstraram que o prognóstico de Ricardo era verossímil. Aconteceu, apenas, um fato extraordinário a contestação à vitória de Cássio Cunha Lima ao Senado, por estar supostamente alcançado pela vigência da Lei da Ficha Limpa. Isto impossibilitou a ascensão automática de Cássio ao mandato de senador em seu lugar assumiu o terceiro colocado, Wilson Santiago, que era do PMDB e, hoje, é deputado federal eleito pelo PTB. A reparação se deu mais tarde, no final do ano de 2011, quando o Supremo interpretou que a Lei da Ficha Limpa só valeria a partir de 2012. Cássio foi empossado. Efraim Morais, que perdeu a segunda cadeira, acomodou-se no governo do Estado aceitando a secretaria de Infraestrutura no governo de Ricardo Coutinho, com todas as limitações enfrentadas pela Pasta.
Nonato Guedes