Não há cogitação oficial, até agora, de que paraibanos ilustres venham a integrar o ministério do presidente eleito Jair Bolsonaro ou, pelo menos, ocupar cargos estratégicos em escalões intermediários. A expectativa, porém, persiste, principalmente, nos meios políticos. De concreto, há a convicção de que o Estado não será discriminado por Bolsonaro em virtude do alinhamento político dos governadores Ricardo Coutinho (que está se despedindo) e João Azevedo (que vai assumir), ambos do PSB, com a candidatura de Fernando Haddad (PT) na eleição deste ano. Deputado federal eleito pela Paraíba, o empresário da área de segurança privada Julian Lemos será o interlocutor do Estado com maior acesso ao presidente eleito, com quem tem ligações, inclusive, partidárias, construídas no PSL. Mas o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB, que apoiou Bolsonaro, terá prestígio no encaminhamento de pleitos da sua cidade e de outras regiões. O próprio governador eleito João Azevedo, que tem postura mais moderada do que a de Ricardo, poderá ter canais de interlocução, até em nome da região, como indicam fontes de Brasília.
Em governos recentes, de algumas décadas para cá, como os de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e até Michel Temer, a Paraíba tem sido esporadicamente contemplada em postos importantes. No período de Fernando Henrique, o ex-senador Cícero Lucena e o atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Fernando Catão, ocuparam a secretaria de Políticas Regionais, com status de ministério, vinculada ao ministério do Planejamento, que era exercido por José Serra. Na Era petista, o ex-senador paraibano Ney Suassuna foi ministro da Integração Nacional e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do PP, ocupou o Ministério das Cidades (gestão Dilma). Hoje, Ribeiro é líder do governo Michel Temer (MDB) na Câmara dos Deputados. Sua irmã, Daniella, deputada estadual e eleita primeira mulher senadora da história da Paraíba, acaba de ser escolhida líder da bancada do PP no Senado na próxima legislatura.
O caso mais complicado de nomeação para ministério no governo federal talvez tenha sido o do senador José Maranhão (MDB), que por inúmeras vezes foi cogitado para Pastas influentes, sem que isto tenha se concretizado. Em 2011, depois de perder uma nova disputa ao governo do Estado para o tucano Cássio Cunha Lima, Maranhão frequentou listas de supostos ministeriáveis da presidente eleita Dilma Rousseff. Sabe-se que houve gestões, inclusive, da cúpula nacional do então PMDB, representado por Michel Temer, para que Maranhão fosse contemplado. Em desabafos, o atual senador e ex-governador da Paraíba procurou colocar um ponto final sendo realista em face das especulações: A presidente Dilma Rousseff não se interessou por isso.
Na época, surgiram rumores de que uma provável indicação de Maranhão teria sido vetada por expoentes do Partido dos Trabalhadores na Paraíba, que assumiam incompatibilidades com o estilo de Maranhão de fazer política. A imprensa local insinuou que o deputado federal Luiz Couto, do PT, teria sido voto contrário ao aproveitamento do emedebista em cargo federal na Era petista. Couto perdeu a disputa para uma vaga ao Senado este ano e ficará sem mandato a partir de 2019, embora haja especulações de que ele possa vir a ser aproveitado numa secretaria na administração do socialista João Azevedo.
Nonato Guedes