Será amanhã, às 18h, na Fundação Casa de José Américo, em João Pessoa, o lançamento do livro Ernani Sátyro Amigo Velho, de autoria do acadêmico Flávio Sátiro Fernandes. Trata-se da mais completa das obras biográficas já editadas na Paraíba e versa sobre a trajetória de um homem público que foi deputado estadual, deputado federal, governador da Paraíba, ministro do Superior Tribunal Militar e dirigente partidário. São 700 páginas retratando um dos mais icônicos personagens dos meios culturais e políticos do Nordeste. É o primeiro volume de uma biografia que abrange o período de vida e a atuação de Ernani, desde a infância até a queda do governo João Goulart, em 1964.
Natural de Patos, filho de Capitulina e Miguel Sátyro, chefe político nas Espinharas, Ernani nasceu no dia 11 de setembro de 1911 e faleceu no dia 8 de maio de 1986 em Brasília, fulminado por um infarto no miocárdio. Na época, exercia o mandato de deputado federal e foi velado no Salão Negro do Congresso Nacional, por sugestão do deputado Ulysses Guimarães, eventualmente ocupando a presidência da República, já que o titular José Sarney achava-se no exterior. A guarda de honra do Congresso prestou-lhe significativa homenagem. Sepultado no cemitério de Brasília, teve os restos mortais transladados para Patos, mais precisamente para o mausoléu da família na Fundação que tem o seu nome, no dia 08 de maio de 1993.
Conhecido pela coerência e autenticidade de posições, Ernani foi indicado governador da Paraíba em 1971 pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici, como coroamento de uma carreira brilhante. Ingressou jovem na política tinha 23 anos quando se elegeu deputado estadual constituinte em 1934. Em 39 foi Chefe de Polícia e em 1940 prefeito de João Pessoa. Em 45, elegeu-se deputado federal, com reeleições consecutivas até ter sido nomeado ministro do STM em 69. Líder do governo e da Arena, na gestão de Costa e Silva, foi o primeiro presidente do Bloco Parlamentar Revolucionário. Fez parte da comissão incumbida de introduzir reformas no Código Civil Brasileiro e relator do projeto de anistia no governo de João Baptista Figueiredo.
Um dos fundadores da UDN, foi vice-líder, secretário-geral, líder e presidente nacional. Conciliando política com literatura, outra paixão sua, não abria mão da sua autoridade era inflexível na cobrança aos auxiliares da administração e às vezes impaciente, mas também era emotivo ou sentimental. Presidiu o diretório acadêmico da Faculdade de Direito do Recife e se distinguiu pela inteligência privilegiada e correção impecável em todos os cargos que ocupou. Seu ex-secretário no governo e discípulo político de Ernani Sátyro, o ex-deputado Evaldo Gonçalves assim depôs sobre ele: Ninguém teve tanta sensibilidade no trato com seus companheiros de partido e de lutas do que Ernani Sátyro. Nunca se envergonhou de ser político sempreproclamou essa irresistível vocação. Corrupção e impunidade não tinham vez com ele. Os recursos públicos eram sagrados.