Participei, neste fim de semana, com minha esposa, Bernadeth, de uma agenda de jornalistas de turismo a Goiana, na região metropolitana de Pernambuco, cidade múltipla, que já foi conhecida como a Milão brasileira e que pelos relatos atuais vem retomando essa condição, a partir da implantação dos polos automotivos, vidreiro, farmacoquímico e de transformação, além de várias empresas satélites. Coordenado com habilidade e competência por Rogério Almeida, o Fampress teve o apoio da prefeitura de Goiana, representada mais de perto pelo secretário de Turismo e Cultura, Roberto Pereira, um dos entusiastas da chamada indústria da paz que ali está em gestação.
Confesso que tomei aula de História Viva, com relatos sobre episódios marcantes do script dessa belíssima cidade, detentora de um patrimônio religioso, cultural e artístico de qualidade extraordinária. O enredo das origens de Goiana passa por ter sido palco de lutas libertárias, como a das mulheres em 1648 a batalha das heroínas de Tejucupapo, que resultou na expulsão dos holandeses por mulheres da região, com tachos e panelas de barro cheias de água quente e pimenta. A Terra dos Caboclinhos, como é chamada, tem um ambiente natural caracterizado pela diversidade e multiplicidade de ecossistemas. A cultura local traz manifestações populares como a procissão do Acorda Povo e a tradicional procissão do padroeiro do município, São Pedro, com percurso náutico que vai da praia de Carne de Vaca ao Balde do Rio, onde tem início o cortejo a pé pelas ruas centrais da cidade. Mas há, também, a Procissão da Lenha, Regata Marítima, rituais africanos e festas juninas. Um caleidoscópio de encher os olhos, juntamente com a farta e deliciosa culinária.
A população de Goiana tem um sentimento autonomista muito latente, focado na expansão dos marcos territoriais da cidade e na aposta até obsessiva na expansão do parque industrial e econômico, associado à proliferação do artesanato em suas diferentes modalidades. O desenvolvimento econômico é medido pelos percentuais crescentes do PIB municipal no contexto do Estado e da região. E a vontade de crescer sempre está expressa na concorrência por atrativos que gerem emprego e renda e que possam conferir à cidade uma aura de metrópole dentro da grande metrópole que é, indiscutivelmente, o Recife, a Veneza Brasileira, a capital de Pernambuco. O poder público tem sido constantemente chamado a fazer sua parte a cada território explorado ou descoberto, a cada riqueza natural disseminada, em intercâmbio com portos da Europa, de países de diversos continentes e idiomas.
A cidade combina tradição com desenvolvimento, e não abre mão de um certo instinto preservacionista que devolva o bucolismo a ambientes avidamente Goianaem Arapuá, presente o vice-prefeito Honório, representando o prefeito Osvaldo Rabelo Filho, a tônica dominante foi a ecologia em estado natural. Ali não há wi-fi, portanto, não se avistou nenhum celular em mesas, ocupadas por animadas conversas e pelo regalo das delícias da culinária goianense. Goiana continua sendo a cidade dos Coqueiros Altos, charmosa, convidativa, acolhedora, a terra do restaurante Buraco da Gia, parada obrigatória de ícones da sociedade brasileira como Juscelino Kubitscheck e o Rei Pelé. A Paraíba precisa ir mais a Goiana e beber na fonte séculos de história, cultura e entretenimento. É um paraíso belíssimo que se oferece para o deleite dos que querem desfrutar do que tem a oferecer.
Nonato Guedes