O livro Um Bispo que Amava o Povo, de autoria do jornalista e diácono paraibano José Nunes, versando sobre a atuação social de dom Marcelo Pinto Carvalheira, que foi titular da Arquidiocese do Estado, chegou às mãos do papa Francisco, no Vaticano, através do monsenhor Nereudo Freire, conforme revelou o autor da obra em rede social, disponibilizando flagrante do momento em que o Santo Padre folheia o livro. O lançamento original do livro ocorreu há poucos dias no Museu Sacro de Guarabira, onde dom Marcelo atuou como bispo e, também, como bispo-auxiliar da Arquidiocese, vindo a suceder dom José Maria Pires, com quem tinha afinidades.
Natural de Pernambuco e expoente do chamado clero progressista da Igreja no Brasil, tendo atuado como assistente de dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, dom Marcelo Carvalheira assumiu atitudes combativas por ocasião de sua passagem pela Paraíba, denunciando, abertamente, crimes cometidos por uma facção do Esquadrão da Morte. Alinhou-se a dom José Maria Pires nos movimentos em favor dos oprimidos e na denúncia de situações de injustiça e opressão, que foram dominantes em nosso Estado entre as décadas de 70 e 80.
Dom Marcelo Carvalheira foi nomeado arcebispo da Paraíba em 1995. Faleceu no dia 25 de março de 2017, a caminho de um hospital, no Recife. Ele passou os últimos anos da sua existência residindo no mosteiro de São Bento, em Olinda-Pernambuco. A obra Um Bispo que Amava o Povo foi editado com o apoio da prefeitura municipal de Guarabira, através da secretaria de Cultura daquele município do brejo e a cerimônia de lançamento foi abrilhantada por uma apresentação da cantora lírica Ana Gouveia. Na homilia para a ordenação episcopal de dom Marcelo na diocese de Guarabira em dezembro de 1975, dom José Maria Pires afirmou: O bispo tem que ser como o pescador que se faz ao largo no verão ou no inverno, mesmo correndo o risco de nada apanhar. O homem de coração generoso, capaz de testemunhar seu amor ao Cristo e ao seu rebanho, ainda que para isso tenha que enfrentar incompreensões e até morte, enquanto aguarda que o Senhor se manifeste aos fiéis e aos adversários. José Nunes já havia escrito Entrego-me como irmão e O bispo da solidariedade, também tratando da trajetória eclesiástica de dom Marcelo Carvalheira.
Nonato Guedes