O governador eleito João Azevedo, ao mesmo tempo em que arremata o desenho da equipe de auxiliares que começou a anunciar esta semana, costura com o atual governador Ricardo Coutinho a unidade da bancada do PSB e de outros partidos aliados com vistas à eleição da nova Mesa da Assembleia Legislativa, que assumirá simultaneamente à sua investidura no Executivo. Um dos desafios colocados na mesa é ode conciliar pretensões no núcleo socialista, onde o ex-presidente Adriano Galdino cogita retornar ao comando e o deputado Rubens Germano aspira a ser ungido o presidente que sucederá a Gervásio Maia, eleito deputado federal.
Azevedo dispõe-se a abrir conversas com pelo menos vinte e dois deputados eleitos na sua base, coordenados por Hervázio Bezerra, que, inclusive, abriu mão de postular a presidência, agora, para facilitar as conversações. Um teste de fogo será a discussão da PEC 13/2015, que acaba com a antecipação da escolha da Mesa Diretora e veda a reeleição dentro da mesma legislatura. O presidente Gervásio Maia já se prontificou a retomar o debate na terça-feira, mas há ceticismo da parte de outros deputados governistas quanto a uma votação do assunto ainda este ano.
O governador Ricardo Coutinho é considerado decisivo nas negociações pela liderança política que detém e pela circunstância de ser acatado pelos parlamentares, mesmo estando no final do segundo mandato. Ricardo é o presidente do diretório regional do PSB e já ensaiou alertas a prováveis dissidentes no bloco socialista no sentido de que fiquem à vontade para desembarcar da agremiação caso não estejam à vontade ou satisfeitos com os rumos que estão sendo seguidos. Ninguém é obrigado a permanecer onde não se sente bem, enfatizou Ricardo, mais de uma vez. Em paralelo a ambições pessoais de deputados, o governador João Azevedo sinalizou que irá se empenhar para elaborar um orçamento realista e compatível com os projetos que tenciona executar no primeiro ano de gestão.
De antemão, há questionamentos sobre os repasses de duodécimos a outros poderes e instituições como a Universidade Estadual da Paraíba, bem como tramitam duas ações que contestam a Lei Orçamentária deste ano que está perto do fim e o projeto atinente ao futuro exercício, que deverá ser aprovado até o dia 20 no plenário da Casa de Epitácio Pessoa. Os repasses de duodécimos constituíram gargalos nas gestões do atual governador Ricardo Coutinho, que se confrontou, por exemplo, com o Tribunal de Justiça e com a UEPB, tendo que fazer concessões. A postura de João Azevedo será de diálogo, mas interlocutores cuidam de prevenir que ele não abrirá mão da autonomia de ação em questões polêmicas envolvendo o equilíbrio financeiro do Estado. Quanto ao secretariado e demais cargos cujos titulares não foram anunciados, a expectativa maior se volta para a secretaria de Segurança Pública, diante do lobby pela manutenção do atual secretário Cláudio Lima, que teria a simpatia do governador Ricardo Coutinho, e da aspiração de Azevedo em examinar outros nomes que poderiam mudar o modus operandi numa área considerada crítica nas gestões de Ricardo Coutinho.
Nonato Guedes