O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSC) e o vice, general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) serão diplomados hoje à tarde em Brasília pelo Tribunal Superior Eleitoral em cerimônia que deverá ser bastante concorrida. Bolsonaro foi vitorioso em segundo turno nas eleições presidenciais, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad. No primeiro turno, concorreram outros candidatos de expressão como o ex-ministro Ciro Gomes, a ex-ministra Marina Silva e o ex-ministro Henrique Meirelles.
Bolsonaro conduziu a campanha praticamente valendo-se das redes sociais, devido às sequelas da agressão a golpe de faca que sofreu de um militante do PSOL durante evento realizado em Juiz de Fora, Minas Gerais. Como candidato, Bolsonaro não chegou a alinhavar em profundidade os pontos cardeais da sua gestão, mas na fase de transição sinalizou claramente para a adoção de políticas e posturas conservadoras que provocaram críticas de setores progressistas da sociedade. Adversários políticos do presidente eleito dizem temer que ele venha a impor uma agenda de retrocesso nas conquistas que vinham sendo alcançadas.
Alguns dos ministros indicados por Bolsonaro contribuíram para reforçar o quadro de apreensão e incerteza quanto aos rumos a serem tomados pelo governo que toma posse na passagem de ano. Praticamente toda a equipe de Bolsonaro está formada, a nível de primeiro escalão e de escalões intermediários. Embora eventualmente tenha contemplado alguns partidos com certas escolhas, o presidente eleito não operou de forma articulada com cúpulas partidárias com vistas ao preenchimento de cargos. Teve que se empenhar, várias vezes, em desmentir informações veiculadas sobre o governo que vai empalmar, em outras vezes desautorizou ministros nomeados e tem protagonizado sucessivas demonstrações de prestigiamento às Forças Armadas. Os segmentos progressistas temem pela linha que Bolsonaro adotará em questões cruciais como Direitos Humanos. A área cultural não espera aceno favorável do presidente eleito, e sindicalistas também criticam constantemente Bolsonaro, sobretudo depois que ele anunciou o propósito de extinguir o Ministério do Trabalho, um legado proveniente do ex-presidente Getúlio Dornelles Vargas.
Um dos ministros destacados da equipe de Bolsonaro é Sergio Moro, que se notabilizou como executor da Operação Lava-Jato e que foi responsável pela primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Moro titulará o Ministério da Justiça e em entrevistas concedidas sinalizou combate sem trégua à corrupção e medidas de aprimoramento na guerra contra a criminalidade. O núcleo militar de Bolsonaro é o mais numeroso há três generais, um almirante e um bacharel em ciências militares no primeiro escalão, sem contar o vice Mourão. Na área econômica, a chave do cofre ficará com o superministro Paulo Guedes, que é partidário declarado das privatizações.
Nonato Guedes