Fontes políticas petistas acreditam que o deputado federal Luiz Couto, que está encerrando o mandato e ocupará uma secretaria no governo de João Azevedo (PSB), a partir de janeiro, poderá ser favorecido em 2020 e angariar apoios de socialistas para disputar a prefeitura de João Pessoa, caso o governador Ricardo Coutinho, que está se despedindo de oito anos de gestão no Estado, decida não concorrer ao páreo na Capital. Ainda ontem, numa entrevista a uma emissora de rádio de João Pessoa, Coutinho expressou que não tem obsessão por candidaturas futuras a cargos eletivos, embora reiterasse que continua tendo paixão pela política, sobretudo no estilo que ele adota e que, nas suas próprias palavras, leva em conta, concretamente, o interesse público, com a capacidade do gestor de melhorar as condições de vida dos que mais necessitam.
Luiz Couto já foi candidato a prefeito de João Pessoa no início dos anos 2000, tendo sido derrotado pelo tucano Cícero Lucena, que logrou administrar a Capital em dois mandatos. Na disputa eleitoral de 2018, Couto aceitou o desafio de candidatar-se a uma vaga ao Senado, contando com o apoio e empenho do governador Ricardo Coutinho, que lançou o nome do deputado federal Veneziano Vital (PSB) em dobradinha com o petista. Veneziano foi eleito mas a outra vaga ficou com a deputada estadual Daniella Ribeiro, do PP, que se tornou a primeira senadora na história política paraibana. Ainda assim, Luiz Couto alcançou expressiva votação no páreo senatorial, tanto que a grande surpresa foi a derrota do senador Cássio Cunha Lima, que pleiteava a reeleição e liderou pesquisas na fase inicial, posteriormente despencando nos números numa verdadeira reviravolta.
O PT alimenta o sonho de recuperar a prefeitura da Capital, que foi dada por perdida quando o atual prefeito Luciano Cartaxo, eleito em 2012, deixou o partido, filiou-se ao PSD comandado pelo falecido deputado Rômulo Gouveia e posteriormente ao Partido Verde. A mídia nacional mencionou João Pessoa, por certo tempo, como a única capital nordestina controlada pelo Partido dos Trabalhadores. Mas a defecção de Cartaxo deixou os petistas desapontados com o desfalque. Até mesmo filiados petistas designados para secretarias na gestão de Cartaxo acompanharam o prefeito na desfiliação e ingressaram no PV ou em outras siglas. Em 1992, o PT conseguiu ir, pela primeira vez, a um segundo turno em eleição em João Pessoa, através do deputado estadual Chico Lopes, ligado à entidade representativa de professores da rede pública de ensino. Lopes foi derrotado no segundo turno por Chico Franca, que entrou no páreo com o jogo em andamento para substituir Lúcia Braga, do PDT, que estava dedicada à recuperação da filha Patrícia, vítima de acidente automobilístico em Alfenas, Minas Gerais.
Pesavam, também, contra Lúcia, insinuações de irregularidades quando presidiu a Funsat, uma Fundação Social do Trabalho criada no governo do marido, Wilson Braga. Ainda assim, Lúcia dispunha de capilaridade para transferir votos na peleja na Capital, junto com seu marido, o ex-governador Wilson Braga- e os dois reforçaram Chico Franca substancialmente, levando-o à vitória. Quanto à futura eleição, se não obtiver apoio do PSB já no primeiro turno, o PT poderá lançar Couto de qualquer forma, na expectativa de fechar uma parceria no segundo turno. Mas se for Ricardo o candidato do PSB, o cenário poderá ser outro, e o PT poderá apoiá-lo em coligação, lançando um nome para vice na chapa.
Nonato Guedes