O promotor de Justiça Octávio Paulo Neto, coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, avalia que o ano de 2018 vai ficar marcado na história da Paraíba como o ano do combate à corrupção e prognosticou que as operações policiais devem continuar em Cabedelo, onde foi desbaratado um esquema na prefeitura e Câmara Municipal, de que resultaram a prisão e afastamento do prefeito Wellington (Leto) Viana, que acabou oficializando a renúncia ao cargo.
Em declarações ao Correio da Paraíba, Octávio Paulo relatou que das dezoito grandes operações conduzidas pelo MPPB este ano metade foi direcionada ao combate direto à corrupção, algumas delas com vários desdobramentos, a exemplo da Operação Xeque-Mate, desencadeada em Cabedelo, que está em sua quarta fase. Até agora, além de dezoito denúncias formuladas, há 139 pessoas denunciadas, entre gestores e servidores públicos, inclusive, mais da metade da bancada de vereadores no legislativo cabedelense.
A atuação do órgão contribuiu, ainda, para desvendar casos de corrupção na administração pública em outros municípios como Patos e Tavares, alcançando, também, atos praticados pela ex-prefeita do Conde, Tatiana Correa, que também foi presa. Em regra, as operações foram executadas em parceria com outros órgãos e muitas ainda estão em andamento ou gerando desdobramentos. O promotor ressalta que a maior arma para combate à corrupção tem sido a conscientização da população, junto com fatores como a participação política e a transparência pública.
– A população esclarece deve ter um certo grau de informação, se vestir de cidadania e, efetivamente, se portar contrária a esse tipo de prática. Precisamos internalizar na população uma cultura de maior cuidado com a coisa pública, com o negócio público. Os atos ilícitos que ainda temos constatado resultam do desapego ao acompanhamento da gestão. O cidadão precisa ter o entendimento de que as coisas e o acompanhamento da gestão são feitas para ele e voltadas pra ele. E que ele é o patrão e é ele que tem que cobrar.
Octávio Paulo Neto frisou que a corrupção é um processo difícil de exterminar por ser inerente ao homem, mas sugere como imprescindível a transparência para que haja informação melhor e clareza a respeito dos desvios de irregularidades, possibilitando-se a adoção de medidas para frear a escalada de corrupção. Salientou que as operações do Gaeco não foram exclusivamente voltadas para administrações públicas, mas, também, em cartório, no sistema prisional, em associações que têm quadros públicos. A demora no julgamento de algumas ações, advertiu ele, não pode desestimular o trabalho de combate à corrupção, apesar de causar frustração e até mesmo aumentar o sentimento de impunidade. É preciso maturidade para tomar decisões firmes e corajosas, arrematou.