Há nomes para todos os gostos no ministério que o presidente eleito Jair Bolsonaro compôs para acompanhá-lo nos desafios pelos próximos quatro anos de figuras do baixo-clero político como Onyx Lorenzoni, deputado federal nomeado para pilotar a Casa Civil a notáveis do porte do juiz Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública. Moro notabilizou-se por sua atuação à frente da Operação Lava-Jato e por ter condenado e decretado a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recolhido desde abril à superintendência da Polícia Federal em Curitiba, por acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula sempre se declarou vítima de perseguição política pessoal, da parte de Moro.
Sergio Moro anunciou, ontem, que está preparando um pacote de medidas a serem submetidas ao Congresso, focadas no combate à corrupção e, ao mesmo tempo, no combate ao crime organizado que enfrenta escalada preocupante no país. Há muita expectativa quanto ao desempenho de Moro, principalmente quanto à carta branca de que disporá, da parte do presidente Bolsonaro, para levar adiante as propostas que considera indispensáveis. Ao todo são 22 os escolhidos que ocuparão a Esplanada dos Ministérios em Brasília. Bolsonaro fez indicações políticas mas não barganhou diretamente com cúpulas partidárias. A equipe conta com um astronauta, o tenente-coronel Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, e uma pastora, Damares Alves, no ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que é alvo de contestação de grupos feministas e outros segmentos sociais antes mesmo de ocupar a Pasta em virtude de declarações polêmicas sobre os temas que lhe dirão respeito.
Na Pasta da Economia estará um superministro, Paulo Guedes, cuja escolha teve boa repercussão junto a investidores e analistas em geral. O ministério da Saúde ficou com Luiz Henrique Mandetta, do DEM, o da Educação com Ricardo Vélez Rodrigues, o da Cidadania e Ação Social com Osmar Terra e o das Relações Exteriores com Ernesto Araújo, sobressaindo-se ainda Tereza Cristina na Agricultura e Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. A média de idade dos auxiliares de Bolsonaro é de 55 anos e o Nordeste quase não está representado na equipe ostenta percentual de 4,5% em áreas não estratégicas. O predomínio maior é de representantes do Sudeste, com 50% e do Sul, com 32%. O Nordeste foi a região onde Bolsonaro teve percentual ínfimo de votos; no contraponto, foi expressiva a votação atribuída ao ex-candidato do PT, Fernando Haddad, que contou com as bênçãos e a influência do prestígio do ex-presidente Lula na região.
Alguns dos ministros de Bolsonaro respondem a processos na Justiça. São, ao todo, 15 ministros civis e sete militares. Em relação a Sergio Moro, estatísticas em seus quatro anos de Operação Lava-Jato demonstram que ele encarou 45 processos, promoveu 208 condenações e 60 absolvições. O novo presidente tem como um dos seus heróis de cabeceira Luís Alves de Lima e Silva, conhecido como Duque de Caxias, patrono do Exército brasileiro. No contraponto, Bolsonaro amaldiçoa o pensador brasileiro Paulo Freire, prestigiado no exterior, autor de uma obra clássica, Pedagogia do Oprimido, na qual afirma que aprender é um modo de o indivíduo tomar consciência da sua condição histórica.
Nonato Guedes