Em plena contagem regressiva para transferir o governo ao sucessor João Azevedo, em cerimônia prevista para amanhã, o socialista Ricardo Coutinho afirmou em postagem nas redes sociais que deixará o cargo com a consciência tranquila, o coração em paz e a espinha ereta. Ricardo tem cumprido uma verdadeira maratona nos últimos dias, com inaugurações de obras, algumas simbólicas, em diferentes cidades e regiões do Estado. O cronograma total será concluído pelo sucessor, eleito no primeiro turno da disputa, em outubro deste ano, derrotando pesos-pesados como José Maranhão e outsiders como Lucélio Cartaxo.
Eleito em 2010 e reeleito em 2014, Ricardo Coutinho se diz gratificado com o saldo de realizações que conseguiu implementar, a despeito da crise financeira nacional e de cortes do governo federal que penalizaram o Estado. Ele avalia que estava no caminho certo desde que tomou-se de obsessão pela manutenção do equilíbrio fiscal, prevenindo-se, até, para supostas retaliações do governo de Michel Temer. Ele se indispôs com o Palácio do Planalto após a investidura de Temer, por ter se posicionado abertamente contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, mais tarde, ter engrossado o coro de condenações pela prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lulada Silva. Ricardo observa que preparou a população paraibana para a imposição de sacrifícios como decorrência de uma série de fatores, incluindo os de natureza política.
Não se arrepende de ter ficado solidário com Dilma e com Lula, da mesma forma como não se arrepende de medidas amargas que eventualmente tomou no exercício do governo e que, na sua avaliação, eram imprescindíveis para manter sob ajuste o plano de equilíbrio financeiro da Paraíba. Para ele, a manifestação de reconhecimento veio de forma emblemática com a vitória do seu candidato ainda no primeiro turno, embora Azevedo nunca tivesse disputado mandatos eletivos. Ao mesmo tempo, comemora a eleição pelo PSB de um deputado federal (Gervásio Maia) e de uma bancada mais forte na Assembleia Legislativa, com a presença de duas mulheres atuantes Estelizabel Bezerra e Cida Ramos.
Ricardo optou por permanecer à frente do governo até o último dia de mandato, justamente para garantir a continuidade do cronograma de obras e realizações. Ele chegou a ser cogitado como possível candidato a uma vaga de senador, com amplas possibilidades de vitória em vez disso, apostou fichas nas candidaturas de Veneziano Vital do Rêgo (PSB), eleito, e Luiz Couto (PT), derrotado. Couto vai integrar a administração do governador João Azevedo. Coutinho chegou a atritar-se com o clã da vice-governadora Lígia Feliciano, por suspeitar que havia um plano com vistas a montar um governo paralelo no Estado. Mesmo assim, dentro do melhor estilo pragmático, relevou as divergências e concordou com a permanência de Lígia na chapa de Azevedo no papel de vice. Um fato que envaidece Ricardo foi a maioria que conseguiu sustentar na Assembleia Legislativa, imprescindível para a aprovação de matérias que criaram polêmica junto a integrantes da sua própria base. Houve momentos de sobressalto e de solavancos na relação com alguns deputados, mas o final foi feliz, no sentido de não comprometer o planejamento que havia traçado. Sobre seu futuro? Ricardo jura que nem em sonhos se preocupa com isso. Salienta também que não vai interferir nas decisões do governo de João Azevedo, mas não deixará de dar suas opiniões sempre que for consultado por ele.
Nonato Guedes