No discurso de posse, ontem, no teatro A Pedra do Reino, o novo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB) foi enfático ao advertir que não surtirão efeito tentativas de manobras para intrigá-lo com o antecessor Ricardo Coutinho, a quem cobriu de elogios pela revolução empreendida no Estado ao longo de oito anos de gestão. Na cerimônia de transmissão da faixa por Ricardo no Palácio da Redenção, Azevedo reiterou os laços de sintonia com o antecessor, lembrando que essa história começou há algum tempo na prefeitura de João Pessoa.
De acordo com o governador João Azevedo, perderá tempo quem fizer algum esforço no sentido de traçar comparação entre os governos de Ricardo e o poder que ele passou a empalmar desde ontem. Justificou que os estilos são, naturalmente, diferentes, mas a sintonia com os ideais é perfeita, gerando quase uma relação administrativa siamesa. No discurso, João anunciou o slogan Segue o Trabalho que vai nortear seu período, enfatizou o vasto acervo de obras e serviços remanescentes da Era Ricardo e o compromisso com a continuidade administrativa.
– O governo que está assumindo não irá inventar a roda, mas vai lubrifica-la salientou. Azevedo mandou um recado enfático à equipe de auxiliares: ela pode até ser a mesma, mas todos serão cobrados interna e externamente. Por várias vezes, repetiu a frase de que esse não é um começo, mas um recomeço. Endereçou recados ao governo federal, empalmado a partir de ontem por Jair Bolsonaro, frisando que o formato da relação institucional será proporcional ao tratamento que a União dispensar à Paraíba. Cobrou o pacto federativo efetivo e disse que vai se empenhar, juntamente com outros governadores, para abrir a caixa-preta do Fundo de Participação dos Estados, diante das oscilações no repasse constitucional de recursos a unidades da Federação.
Na opinião de Azevedo, o modelo atualmente posto em prática na sistemática do FPE dificulta profundamente o planejamento de ações administrativas pelos Estados e lembrou que a Paraíba é o sétimo Estado do país no ranking dos que estão bem situados em matéria de equilíbrio fiscal, o que só foi possível pelo compromisso com a austeridade por parte do antecessor. Azevedo qualificou como obrigação típica da União o repasse de volumosos recursos que são drenados, enquanto Estados e municípios são penalizados. Iremos cobrar isto, com toda certeza, preveniu. Não descartou a hipótese de embates e enfrentamentos com o governo Jair Bolsonaro na discussão sobre a partilha de recursos para a Paraíba. Mas o dinheiro não é de propriedade da União, verberou, propondo o fim do que chamou de algumas falácias que têm sido disseminadas acerca da conjuntura nacional.
No tocante à Paraíba, João Azevedo disse que aprendeu muito com a população e prometeu que não descansará enquanto não se completar o ciclo virtuoso, deflagrado, no seu entendimento, com a ascensão do governador Ricardo Coutinho. Temos a obrigação de preservar o legado deixado pelo governador Ricardo Coutinho, adiantou, citando trecho de música de Belchior: Não somos mais os mesmos, para completar: Somos mais e melhores.
Nonato Guedes