O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) declarou, hoje, em João Pessoa, que se sente envaidecido com a lembrança do seu nome para presidir o partido a nível nacional, apesar de ter sido derrotado na campanha à reeleição pela Paraíba em outubro. Mas salientou que avalia como nome ideal para comandar a agremiação o do governador de São Paulo, João Doria, que a seu ver tem legitimidade e credenciais para oxigenar o PSDB e conduzi-lo a um processo de reaglutinação na esteira do processo de tsunami que afetou os tucanos e outros partidos. Em paralelo, destaca a importância de São Paulo no contexto da Federação, o que reforçaria o cacife do governador empossado daquele Estado.
Cássio propôs que o PSDB ofereça apoio crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), com liberdade para discordar de algumas matérias consideradas polêmicas e não sintonizadas com o interesse popular. As declarações de Cunha Lima foram externadas durante entrevista ao Polêmica Paraíba, conduzido pelo jornalista Gutemberg Cardoso no Sistema Arapuan. O senador confessou que torce para a administração de João Azevedo à frente do Executivo paraibano ser revestida de êxito, frisando que como líder político não lhe resta outro caminho senão o da oposição responsável. Alerta Azevedo para rever a política de impostos, que, na sua opinião, penaliza segmentos da economia paraibana.
– O governo federal está sinalizando para a redução da carga tributária e a Paraíba está no rumo da contramão, como detentora de uma das mais elevadas cargas tributárias de sua história, desestimulando investimentos e dificultando geração de emprego e renda enfatizou Cássio Cunha Lima. Mas meu desejo sincero é pelo bem da Paraíba, a despeito das críticas pontuais que faço, inclusive questionando ações que não foram julgadas pelo Tribunal Regional Eleitoral atinentes a irregularidades praticadas na gestão de Ricardo Coutinho durante a disputa eleitoral, acrescentou o parlamentar tucano. Cássio diz temer que se for mantido o precedente da não punição de abusos pela Justiça Eleitoral o cenário político estadual continue desequilibrado, desfavorecendo forças políticas autônomas que lutam por ocupação de espaços.
Na entrevista, Cássio procurou adotar, durante grande parte, um tom conciliatório, explicando que não lhe cabe prejulgar um governo que está se instalando, mas observou que não abre mão do direito de crítica. O parlamentar criticou a postura do ex-governador Ricardo Coutinho, argumentando que ele foi quem mais massacrou a Justiça a despeito de ter recebido um tratamento generoso por parte do Judiciário em relação à tramitação de processo impetrado pedindo a cassação de direitos políticos de Ricardo, em virtude de irregularidades no projeto Empreender-PB. Para Cássio, não resta dúvida de que o projeto teve utilização eleitoreira para desequilibrar o páreo disputado por Ricardo Coutinho em 2014. O senador reiterou que estará se dedicando a atividades privadas, em banca de advocacia, mas não hesitará em utilizar qualquer tribuna para defender os interesses da Paraíba. Eu tenho espírito público, finalizou Cunha Lima.
Nonato Guedes