Ganhou corpo nas últimas horas em portais noticiosos locais a versão de que o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) poderá transferir seu domicílio eleitoral para João Pessoa a fim de candidatar-se a prefeito na sucessão de Luciano Cartaxo, em 2020. A notícia não foi confirmada por setores do PT paraibano nem por interlocutores do prefeito reeleito, que é filiado ao Partido Verde. Lindbergh é natural de João Pessoa mas fez carreira política no Rio, elegendo-se deputado federal, senador e prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por duas vezes.
Ficou nacionalmente conhecido como presidente da União dos Estudantes, a UNE, ao liderar manifestações de rua em 1992 que culminaram com a decretação do impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado de envolvimento com o esquema de corrupção do seu ex-tesoureiro de campanha Paulo César Cavalcanti de Farias, o PC Farias. Nos últimos anos, Lindbergh esteve na linha de frente da batalha no Congresso contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, em outra frente, mobilizou-se contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que qualificou de injusta.
Em termos pessoais, Lindbergh Farias não tem sido bem sucedido foi derrotado como candidato ao governo do Rio em 2014 e nas eleições deste ano derrotado na tentativa de renovar o mandato ao Senado. Embora Luciano Cartaxo esteja filiado ao PV e tenha rompido com o PT, que na Paraíba passou a se vincular ao ex-governador Ricardo Coutinho, do PSB, Lindbergh, também conhecido como líder dos ex-cara pintadas, tem influência familiar na administração municipal pessoense. Como prefeito de Nova Iguaçu, ele foi acusado de supostas irregularidades administrativas, que não resultaram em punições concretas relacionadas ao exercício de funções públicas. Farias tinha a esperança de ser candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva, cuja candidatura foi vetada pelo TSE por estar o ex-presidente implicado na Lei da Ficha Limpa. Na campanha presidencial deste ano, o PT acabou lançando Fernando Haddad, tendo como vice Manuela DAvila, do PCdoB. A chapa alcançou 45 milhões de votos mas foi derrotada pelo outsider Jair Bolsonaro, do PSL.
Um ponto polêmico da atuação de Lindbergh Farias como senador diz respeito aos embates travados por ele com o ex-senador paraibano Vital do Rêgo, hoje ministro do Tribunal de Contas da União, tendo como pano de fundo a partilha de royalties decorrentes da extração do petróleo na camada do pré-sal. Lindbergh foi veemente ao reivindicar prioridade absoluta da destinação dos recursos do pré-sal para Estados produtores de petróleo, como o Rio de Janeiro, com isto escanteando a Paraíba, o que motivou protestos de Vital e até ironias. Lindberg argumentava que o Estado do Rio encontrava-se em estado de insolvência e dependia crucialmente de fontes novas de recursos para sobreviver.
Nonato Guedes