É recorrente a discussão sobre a necessidade de termos paraibanos em ministérios influentes do governo federal. Primeiro porque, apesar de pequeno, o nosso Estado foi pródigo na ocupação de cargos proeminentes no primeiro escalão da República, como lembrou o jornalista Severino Ramos em um dos seus livros; em segundo lugar, um ministério relevante contribui para projetar melhor a Paraíba, colocá-la na agenda nacional, rompendo-se o ciclo do anonimato ou do esquecimento porque tem passado. Agora mesmo no governo de Jair Bolsonaro, fala-se em uns dois ou três nomes integrando pastas que, de tão obscuras, nem sabemos ao certo quais são.
No levantamento que Severino Ramos fizera a propósito do tema, ele principiou por destacar Epitácio Pessoa, tido como o único presidente genuinamente nordestino, já que Fernando Collor era meio carioca e Castello Branco foi eleito pelo voto das baionetas. Ministros paraibanos houve em profusão, prosseguiu Ramos, citando como o de atuação mais marcante José Américo de Almeida, duas vezes titular do ministério da Viação e Obras Públicas, ambas em gestões presididas por Getúlio Vargas. Vieram depois Fernando Nóbrega, ministro do Trabalho de Juscelino Kubitscheck, Abelardo de Araújo Jurema, titular da Justiça e espécie de primeiro-ministro de João Goulart e João Agripino Filho, ministro das Minas e Energia durante a passagem meteórica de Jânio Quadros pelo Palácio do Planalto. Vale mencionar, ainda, Celso Furtado, ministro do Planejamento de João Goulart, fundador e primeiro superintendente da Sudene.
Foi no governo do marechal Arthur da Costa e Silva (1968-1970) que a Paraíba bateu o recorde de ocupação de ministérios cinco ao todo: general Aurélio de Lira Tavares, ministro do Exército, que fez parte da Junta Militar investida com a doença de Costa e Silva; general Jayme Portela, chefe do Gabinete Militar da Presidência, médico Leonel Miranda, da Saúde, Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Mello, ministro e também presidente do Supremo Tribunal Federal, Alcides Carneiro, do Superior Tribunal Militar, além de Ernani Sátyro na liderança da maioria na Câmara dos Deputados, de onde saiu para o lugar de Alcides Carneiro no Superior Tribunal Militar, quando este se aposentou. Ramos informou que depois dessa plêiade de notáveis passaram-se quase 30 anos até a chegada de Maílson da Nóbrega ao poderoso ministério da Fazenda no governo de José Sarney.
Maílson, como recapitulamos em reportagem publicada na semana passada, não foi um bom ministro para a Paraíba pelo contrário, teve má vontade em socorrer o Estado financeiramente quando da eclosão de problemas da rolagem de dívidas, como se queixou publicamente o falecido ex-governador Tarcísio Burity. A versão de Maílson foi a de que não poderia abrir uma exceção para a Paraíba, quando havia tantos Estados reclamando socorro federal. Daí em diante tivemos presenças esparsas no governo federal. Fernando Catão e Cícero Lucena, por exemplo, ocuparam a secretaria de Políticas Regionais, com status de ministério, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ney Suassuna, no governo Lula, foi ministro da Integração Nacional, com foco no Nordeste. E Aguinaldo Ribeiro ocupou o Ministério das Cidades no governo de Dilma Rousseff. De uma forma ou de outra, dentro das limitações da Federação que só existe no papel, carrearam alguma coisa para o Estado e o Nordeste. Mas os paraibanos ainda não se sentem recompensados, o que remete a uma indagação: quem vai nos redimir da falta de maior atenção para com os problemas da Paraíba?
Nonato Guedes