Completa um ano hoje a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região, em Porto Alegre, sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro tendo como pano de fundo a aquisição de um tríplex no Guarujá, em São Paulo. O ex-mandatário já havia sido condenado pelo juiz Sergio Moro mas a defesa recorreu e o caso foi submetido à apreciação dos magistrados da Capital gaúcha. A pena de Lula aumentou para doze anos e um mês de prisão. Ele foi preso em abril, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, onde se entrincheirou para reagir ao mandado de prisão emitido por Moro.
Lula acabou se entregando às autoridades da Polícia Federal um dia depois da expedição do mandado de prisão e também depois que foi atendido um pedido seu para celebração de ato religioso por um ano da morte da sua mulher, Marisa Letícia. O ex-presidente da República foi levado para o prédio da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, onde se mantém recolhido a uma cela. Durante o período em que está preso, Lula recebeu visitas de advogados e políticos e a solidariedade de trabalhadores que acamparam nas proximidades da PF. De lá para cá, o ex-presidente tem alternado depoimentos a autoridades com recursos sucessivamente impetrados e, derrotados, pedindo a sua soltura.
A prisão de Lula mobilizou organismos internacionais que intercederam pela sua liberdade, denunciando que o ex-presidente havia se transformado num preso político. Em duas ocasiões, pelo menos, um juiz plantonista e um membro do Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio Melo, deliberaram para que Lula respondesse em liberdade às acusações. A ação de autoridades com maior status impediu que a soltura do ex-presidente se materializasse. Numa dessas ocasiões, o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, manifestou-se pela continuidade da prisão.
Na campanha eleitoral de 2018, Lula tentou se registrar como candidato a presidente da República tendo como companheiro de chapa o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. A chapa acabou sendo indeferida sob alegação de que Lula, como presidiário, fora alcançado pela Lei da Ficha Limpa. O PT lançou Haddad como candidato-substituto, tendo como vice a deputada estadual Manuela DAvila, do PCdoB do Rio Grande do Sul. A chapa foi derrotada nas urnas, em segundo turno, por Jair Bolsonaro, do PSL, considerado um outsider da política e que convocou Sérgio Moro para seu ministro da Justiça. Até agora há uma incógnita sobre o futuro de Lula mas o PT pretende insistir em reivindicar a sua soltura.
Nonato Guedes