O Partido dos Trabalhadores – que a nível nacional completa 39 anos de fundação no dia 10 de fevereiro já largou na Paraíba com candidato próprio ao governo em 1982, apenas dois anos do lançamento da legenda no Colégio Sion, em São Paulo. O advogado Derly Pereira, com atuação junto a sindicatos, foi ungido como candidato petista ao Palácio da Redenção, mas alcançou fraco desempenho, não só porque o partido estava desestruturado em muitas localidades como porque a disputa polarizou-se entre Wilson Braga (PDS) e Antônio Mariz (PMDB). Braga venceu o pleito com 151 mil votos de vantagem sobre Mariz, que era remanescente da Arena, antecessora do PDS no regime militar.
Logo no nascedouro, em 1981, o PT paraibano enfrentou a defecção de um grupo de 60 militantes, comandados por Wanderly Farias, que acabaram ingressando no PMDB e criticaram supostas posturas antidemocráticas da cúpula estadual do PT. Wanderly declarou que era intensa a luta interna na seção da Paraíba, prejudicando o crescimento da legenda. Mesmo com defecções ampliadas, como as que ocorreram em Patos, o PT-PB promoveu nos dias 21 e 22 de março de 1981 seu I Encontro Estadual, reunindo militantes de 15 cidades. Na ocasião, foi eleito o diretório do partido e fixadas as convenções municipais. O metalúrgico Eliezer Gomes foi escolhido como primeiro presidente da agremiação no Estado, derrotando por uma pequena margem de votos o professor José Alves, que era apoiado por correntes trotskistas. Este ficou como primeiro vice-presidente, tendo Francisco Nóbrega Gadelha na segunda vice, Laércio Losano como secretário geral e Wagner Braga Batista como tesoureiro. Eliezer, pouco depois da formação do PT, passou a militar numa organização de esquerda clandestina, o PCBR.
A cúpula petista estadual deparou-se com outro problema de grande proporção a articulação do então deputado federal Marcondes Gadelha, do PMDB, para tentar ingressar no PT como represália pelo ingresso no PMDB do grupo do deputado Antônio Mariz, rival político de Gadelha na cidade de Sousa. Expoentes nacionais do PT manifestaram-se favoráveis ao ingresso de Marcondes, levando em conta a sua atuação em defesa dos Direitos Humanos como integrante do grupo autêntico do MDB, mas na Paraíba houve resistências, com insinuações de que Gadelha estaria cometendo uma manobra oportunista. Um dos expoentes petistas locais, José Calistrato, formalizou o veto à acolhida a Marcondes dizendo que ele tinha origens burguesas e nunca tinha vestido macacão de trabalhador (o pai de Marcondes, José de Paiva Gadelha, era rico usineiro nos domínios do sertão paraibano). Marcondes acabou encontrando guarida no PDS, pelo qual se candidatou ao Senado e foi eleito, derrotando Pedro Gondim, candidato do PMDB e adversário principal. A ficha de filiação de Marcondes foi abonada pelo ex-ministro Ibrahim Abi-Ackel e endossada pelo presidente João Baptista Figueiredo, o último do ciclo dos generais.
O PT voltou a participar de disputa majoritária estadual, lançando o então deputado federal Avenzoar Arruda como candidato a governador, nos anos 2000, num páreo em que o vitorioso foi Cássio Cunha Lima, ex-PMDB e então PSDB. Como prefeito de Campina Grande, Cunha Lima bancou uma aliança como PT na disputa à reeleição, tendo como companheiro de chapa a ex-militante sindical Cozete Barbosa, que fazia oposição cerrada à administração municipal. Foi uma aliança episódica, que não se reproduziu. Cássio, que está concluindo mandato de senador, esteve na linha de frente da orquestração parlamentar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e com isso ganhou hostilidades dentro do PT, inclusive do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na Paraíba, o PT só chegou ao poder estadual na vice-governança, com o então deputado estadual Luciano Cartaxo, hoje prefeito de João Pessoa. Luciano foi companheiro de chapa de José Maranhão, do PMDB, na disputa contra Cássio Cunha Lima, vitorioso, em 2006. Em fevereiro de 2009 o mandato de Cássio foi cassado pelo TSE que convocou Maranhão e Luciano para se investirem no governo do Estado. Em 2010, Maranhão candidatou-se à reeleição tendo como vice outro petista, Rodrigo Soares, mas perdeu para Ricardo Coutinho, que havia sido filiado ao PT e concorreu pelo PSB. Em 2018, Ricardo tomou posição firme contra a prisão do ex-presidente Lula e, com isto, reatou os laços com o Partido dos Trabalhadores, que apoiou a candidatura do socialista João Azevedo ao governo (vitoriosa em primeiro turno) e lançou o deputado federal Luiz Couto ao Senado, em coligação, sem êxito. Para o lugar de Couto na Câmara Federal foi eleito o deputado estadual Anastácio Ribeiro,mas na Assembleia o PT ficou sem nenhum deputado para a legislatura a ser instalada em abril. AnísioMaia, que ficou numa suplência, luta para assumir a titularidade com a convocação de um deputado da base de Azevedo para integrar o secretariado estadual.
Nonato Guedes