Enquanto prioriza ações administrativas de impacto que projetem um resultado melhor no segundo mandato, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV) começa a montar uma estratégia política para eleger seu sucessor na Capital em articulação com forças políticas dispostas a somar-se ao projeto que empreende. O esquema de Cartaxo ainda avalia fatores ocorridos na campanha de 2018, quando foi derrotado na disputa ao governo do Estado, em primeiro turno, tendo Lucélio, irmão gêmeo do alcaide, como candidato ao cargo principal e a doutora Micheline Rodrigues, mulher do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, como candidata a vice. A desarticulação das forças oposicionistas é um dos pontos invocados para justificar o revés que possibilitou o triunfo em grande estilo do esquema liderado pelo ex-governador Ricardo Coutinho, patrono da candidatura de João Azevedo, que até então não havia disputado mandatos.
As avaliações a partir de agora vão se dar, segundo uma fonte, em cima de eventual rearrumação do quadro político-partidário na Paraíba, mediante a correlação de forças na Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado. Em paralelo, há uma expectativa sobre a relação entre o governo de João Azevedo e as prefeituras de João Pessoa e Campina Grande. Luciano Cartaxo tem advertido que está aberto à parceria com a administração Azevedo desde que ela tenha autonomia em relação à influência do ex-governador Ricardo Coutinho. Azevedo não passou recibo das insinuações do prefeito e deixou claro que, independente de diálogo direto com o gestor da Capital, o governo do Estado cumprirá sua parte na execução de obras e investimentos para favorecer a população pessoense.
Interlocutores de Luciano acreditam que a grande preocupação dele diz respeito ao enfrentamento de uma possível candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho à prefeitura, que já exerceu por duas vezes. Essa tese é defendida por parlamentares ligados a Ricardo, a exemplo da deputada estadual Cida Ramos, que foi secretária de Desenvolvimento Humano na gestão de Coutinho. O ex-governador procura conter o ímpeto pela discussão de nomes, colocando acima de tudo o projeto socialista que está tendo continuidade a nível estadual com João Azevedo. De acordo com Ricardo, há nomes preparados no esquema de forças situacionista, em condições de reconquistar a cidadela pessoense. O PT deverá continuar integrado ao PSB na disputa de 2020. A legenda não perdoa Luciano por ter batido em retirada para outras siglas, como PSD e PV, renegando quem lhe proporcionou ascender à prefeitura em 2012.
Algumas especulações em torno do desenho de candidaturas a prefeito convergem para chances maiores por parte do secretário Diego Tavares, que será suplente da senadora Daniella Ribeiro (PP) na legislatura a se iniciar em fevereiro e que ganhou reforço extraordinário da parte de Luciano Cartaxo para levar adiante projetos de infraestrutura em João Pessoa, com prováveis reflexos em futuras disputas. O prestigiamento a Tavares já estaria causando ciumada entre outros pretendentes que atuam na órbita do prefeito Luciano Cartaxo, mas isto não é levado em conta pelo gestor, que se diz empenhado em definir a melhor estratégia para assegurar o controle da Capital. Em relação a Lucélio, que por lei ficará impedido de disputar a sucessão do seu irmão, seu nome frequenta rodas de especulações como alternativa para concorrer na região metropolitana, seja em Bayeux, Santa Rita ou Cabedelo. Luciano Cartaxo, de sua parte, promete esforço redobrado, para não permitir que haja solução de continuidade na ofensiva administrativa e, ao mesmo tempo, para costurar alianças políticas sólidas para preservar o controle do poder na Capital.
Nonato Guedes