Amanhã será o último dia de mandato do senador Raimundo Lira, que tomou posse no dia 22 de dezembro de 2014, sucedendo a Vital do Rêgo, que renunciou para assumir vaga de ministro no Tribunal de Contas da União. Lira foi eleito pela primeira vez ao Senado em 1986, como um fenômeno político, já que até então não havia disputado cargos, e derrotou nas urnas um campeão de votos, o ex-governador Wilson Leite Braga. Ocupou cargos influentes e teve empenho reconhecido pelos seus pares como atuante na defesa das reivindicações da Paraíba e do Nordeste e no debate dos problemas nacionais. Ascendeu novamente, em 2014, como suplente de Vital e era tido como forte candidato à reeleição no pleito de 2018, mas abriu mão da disputa depois de reflexões pessoais sobre o quanto a política exige, em detrimento da convivência com familiares e amigos, segundo declaração sua.
Empresário e economista, nascido em Cajazeiras mas com negócios no ramo automobilístico consolidados a partir de Campina Grande, estendendo-se a Brasília, o senador Raimundo Lira, ao tomar posse na vaga de Vital, falou da emoção de retornar ao Congresso, onde procurou ser dinâmico no mandato para o qual fora eleito em 1986, juntamente com o falecido senador Humberto Lucena, que presidiu a instituição. Lira, no discurso de 2014, referiu-se a valores ilustres da Paraíba como o ex-presidente João Pessoa, o ex-ministro José Américo de Almeida e o teatrólogo Ariano Suassuna, ao mesmo tempo em que se prontificou a desempenhar ações eficientes e responsáveis capazes de colaborar para uma distribuição igualitária e justa das políticas econômicas e sociais, de forma a evitar a penalização contínua do Nordeste em comparação com o Sul e Centro-Sul do país.
Lira foi filiado, inicialmente, ao PMDB, tendo, depois, enfrentado divergências que o levaram a apoiar a candidatura de Fernando Collor de Mello a presidente da República em 1989 e a ingressar no PFL. Cogitou disputar o governo do Estado, mas desistiu após reflexão profunda sobre acontecimentos políticos da Paraíba. Vitorioso nos empreendimentos do ramo automobilístico e bem-sucedido em outras atividades empresariais, Lira voltara ao PMDB (hoje MDB) quando se tornou suplente de Vital do Rêgo na eleição de 2010. Parecia distanciado do exercício de mandatos, mas o destino acabou reconduzindo-o à cadeira titular. No segundo mandato que está concluindo, ele foi presidente da Comissão Processante de Impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), tendo assegurado amplo direito de defesa a Dilma, que acabou perdendo o mandato por votação da maioria da Câmara dos Deputados. Lira foi decisivo, também, para que o presidente-substituto Michel Temer (MDB) recebesse em audiência o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), que estava encontrando dificuldades para encaminhar demandas do Estado e acabou sendo atendido no Palácio do Planalto.
Como presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no primeiro mandato, Lira teve poder de decisão na emissão de parecer sobre concessão, ou não, de empréstimos por parte do governo federal a Estados como a Paraíba, bem como sobre a contratação de empréstimos do governo estadual com organismos internacionais. Revela, em recapitulação, que sempre priorizou o interesse da Paraíba acima de divergências políticas ou pessoais. Ele se desligou, inclusive, do MDB, passando a integrar os quadros do PSD, depois de ter recebido inúmeros convites. Da mesma forma, havia uma expectativa natural de que ele fosse candidato à reeleição em outubro, mas a partir da morte do deputado federal Rômulo Gouveia Lira tornou-se mais reflexivo sobre as exigências da atividade política e optou por não concorrer. Como saldo deste segundo mandato que está encerrando, o parlamentar elenca uma vasta relação de pleitos encaminhados e deferidos, tendo sido interlocutor municipalista, ciceroneando prefeitos e outras lideranças locais nos périplos por gabinetes do poder na Capital federal. Otimista com as perspectivas de desenvolvimento do país e, em particular, da Paraíba, Lira enfatiza que estará à disposição, independente de tribuna parlamentar, para ser porta-voz dos interesses deste Estado.
Por Nonato Guedes