No último dia do seu mandato como senador em Brasília, o tucano Cássio Cunha Lima dirigiu mensagem ao povo paraibano que lhe confiou mandatos para representá-lo e lembrou que está completando um ciclo de 32 anos de militância política, com passagens pelo governo do Estado (que conquistou duas vezes), pela prefeitura de Campina Grande (por três vezes), superintendência da Sudene, deputado federal, já na Assembleia Constituinte de 1988 e, por fim, senador. O sentimento é de gratidão, pontuou Cássio, dirigindo-se à população paraibana como um todo e, em especial, ao eleitorado de Campina Grande, que sempre foi sua base principal. O parlamentar, que não conseguiu a reeleição no pleito de outubro de 2018, deixou claro que continuará servindo ao povo da Paraíba, independente de trincheira parlamentar ou de tribuna política.
Cássio Cunha Lima dedicou um parágrafo à família, por ter sido solidária a ele durante todas as lutas políticas que enfrentou e na trajetória que empreendeu até agora. Quem tem espírito público não precisa de mandato para servir às pessoas. É isto que continuarei a fazer, proclamou o parlamentar, lembrando que principiou a lutar politicamente antes mesmo do primeiro mandato, ainda bastante jovem, na Constituinte que elaborou um texto denominado pelo falecido líder político Ulysses Guimarães como Constituição-Cidadã. Ressalta ainda Cássio Cunha Lima que sempre procurou pautar a vida pública pela dedicação à ética, à seriedade e à defesa do interesse coletivo.
Foi nesse contexto, conforme ele, que contribuiu para ajudar a milhões de pessoas, em inúmeras iniciativas , dentro da filosofia pela qual procurou se reger: a de melhorar a vida dos mais necessitados, criando mecanismos de mudança, ora por via legislativa, ora por ações no Executivo, destinadas à consecução desses objetivos. Disse Cássio que sempre teve em mente, no exercício da representatividade política, o ensinamento deixado pelo seu pai, o poeta, ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal e estadual Ronaldo Cunha Lima, para quem política não é um negócio, mas, sim, um sacerdócio. O senador comentou, ainda, que a militância exercida possibilitou-lhe o aprendizado de respeitar a máxima de que o eleitor é absolutamente livre para eleger e para tirar representantes nos poderes, de acordo com seu arbítrio e análise em determinadas situações. Salientou que nem sempre é levada em conta a folha de serviços prestados, os benefícios carreados por quem está na atividade pública, mas deixa claro que respeita o posicionamento por ser da essência do regime democrático.
Cássio Cunha Lima fez referência à enorme quantidade de proposições apresentadas e de esforços desenvolvidos por causas sociais distintas, priorizando os carentes, os dotados de situação excepcional, as famílias economicamente pobres e sacrificadas por fatores colaterais como o fenômeno da estiagem cíclica na região Nordeste, originando, a cada temporada, transtornos para a sobrevivência justa e condigna. Diz acreditar que na medida das limitações do mandato parlamentar contribuiu de forma proativa para a resolução de problemas que vinham se enraizando sem perspectiva de equacionamento. Atitudes assim, como deu a entender o parlamentar, são fatores decisivos para moldar a coerência dos homens públicos aos princípios apregoados.
A mensagem do senador Cássio Cunha Lima refletiu o posicionamento que ele vinha externando desde o resultado eleitoral adverso enfrentado na campanha para se reeleger ao Senado da República. As primeiras palavras de Cássio já foram no sentido de acatar o pronunciamento das urnas, ainda que lamentando suposto desconhecimento de muitos eleitores quanto às conquistas de que procurou revestir a sua atuação na vida pública. Cogitado em bastidores políticos para voltar a disputar mandato à prefeitura de Campina Grande, Cássio Cunha Lima não faz qualquer menção ou projeção sobre as oportunidades com quem poderá vir a contar. Apenas enfatiza o compromisso de continuar servindo ao povo, independente de trincheira ou de tribuna parlamentar.
Nonato Guedes