Com a retirada do páreo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi o pivôt de tumultos e adiamento de votação, o senador Davi Alcolumbre, do DEM-Amapá, elegeu-se, ontem, presidente do Senado em sessão presidida pelo paraibano José Maranhão, do MDB. Alcolumbre teve 42 votos, tem 41 anos de idade (é um dos mais jovens a ascender à presidência da Casa) e foi o candidato do ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil do governo Bolsonaro. O presidente da República telefonou para Alcolumbre, parabenizando-o pela vitória e manifestando o desejo de contar com seu apoio para a aprovação de reformas que considera indispensáveis no âmbito do Congresso, a principal delas a reforma da Previdência.
A candidatura de Renan Calheiros, que já presidiu o Senado por várias vezes, desencadeou manifestações de protesto em redes sociais contra o parlamentar alagoano, que é alvo de processos, mas ele acatou ponderações e abandonou a disputa, ainda assim obtendo quatro votos. A votação foi secreta, nos termos de determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Tóffoli, uma vez consultado a respeito. De atuação discreta nos primeiros anos de atuação no Senado, Alcolumbre é considerado hábil articulador nos bastidores, com trânsito em diferentes partidos. Políticos carimbados como o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello se aventuraram na tentativa de conquistar a presidência mas não tiveram apoio.
Na Câmara dos Deputados, o DEM já havia saído vitorioso com a recondução à presidência do deputado Rodrigo Maia (RJ), que fez campanha por Estados, cabalando votos de parlamentares, tendo vindo, inclusive, à Paraíba, onde tem ramificações familiares. Rodrigo Maia conseguiu o apoio da maioria dos deputados federais paraibanos e, a exemplo de Alcolumbre, declarou-se comprometido com o encaminhamento da votação das reformas que estão sendo propostas pelo governo e reivindicadas pela sociedade. O governo Bolsonaro procurou passar recibo de não-interferência no processo das duas Casas do Congresso, a despeito do engajamento ostensivo de ministros e parlamentares da intimidade do Planalto. A expectativa sobre a aprovação das reformas é positiva no meio político e junto a segmentos da sociedade, mas as matérias são bastante controversas e demandarão polêmicas acirradas no primeiro ano da nova legislatura.
Nonato Guedes, com agências