Em declarações a jornalistas em Brasília o senador paraibano José Maranhão (MDB) confessou que foi procurado por líderes do partido e de outras legendas para aceitar ser candidato à presidência do Senado em meio às articulações dos últimos dias que rifaram a candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL) e resultaram na eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Maranhão disse que ficou sensibilizado com os apelos mas declinou da hipótese de pleitear a presidência da Casa. Ele lamentou o impasse que acabou forçando o senador Renan Calheiros a retirar sua postulação, embora tivesse chances de vitória diante do favoritismo evidenciado em manifestações de intenção de voto no seu nome.
Maranhão foi quem presidiu a sessão que escolheu a nova Mesa Diretora do Senado em substituição à Mesa presidida por Eunício Oliveira (CE), que não foi reeleito. O senador paraibano avalia que a atmosfera estava muito tumultuada no processo para eleição da nova Mesa da Casa, tanto assim que teve que haver adiamento da votação por dia e ainda por cima houve consulta ao Supremo Tribunal Federal sobre a votação aberta ou secreta, prevalecendo esta última. Maranhão não aprofundou comentários sobre as fortes reações à candidatura de Renan Calheiros, diante do desgaste enfrentado pelo parlamentar de Alagoas, que já presidiu o Senado por quatro vezes.
Ele apenas observou que foi extremamente lamentável a divisão verificada dentro do MDB, sugerindo que o partido deve fazer uma avaliação interna, inclusive, da postura que deve adotar em relação a matérias que forem encaminhadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, do PSL. Indagado se está na base situacionista, oposicionista ou se atua como independente no Senado, o ex-governador da Paraíba desconversou, afiançando que procurará se informar atentamente sobre as reformas de interesse para a sociedade e, neste sentido, é que se posicionará. Sem dar nomes aos bois, ele criticou oportunistas que estão infiltrados no Congresso e que, na sua opinião, não estão sinceramente empenhados ou interessados em contribuir com propostas e alternativas para os graves desafios.
José Maranhão foi escolhido para presidir a sessão de votação da Mesa do Senado por ser o parlamentar mais idoso entre os que compõem a legislatura. Ele tem quatro anos de mandato pela frente e foi candidato ao governo da Paraíba no pleito de 22018, ficando em terceiro lugar, depois de ter começado na liderança do páreo, que acabou favorecendo o candidato do PSB, João Azevedo, apoiado pelo ex-governador Ricardo Coutinho. O representante emedebista paraibano considera que é cada vez mais acentuado o sentimento de cobrança por parte dos segmentos sociais para que os integrantes do Senado e da Câmara correspondam às expectativas diante de um sem número de questões pendentes, inclusive, a polêmica reforma da Previdência Social.
Nonato Guedes