Na reabertura, ontem, dos trabalhos legislativos, a bancada governista surpreendeu a oposição e praticamente inviabilizou a Comissão Parlamentar de Inquérito pretendida para apurar operações da Cruz Vermelha no gerenciamento de hospitais da rede pública que estão sob intervenção. Os situacionistas agiram com rapidez e deram entrada em quatro inquéritos, o que na prática trava a abertura de uma nova investigação, já que apenas três comissões desse tipo podem ser instaladas na Casa. Não podemos esperar a vida inteira pela oposição, que é muita lenta, declarou a deputada Cida Ramos, do PSB, autora do pedido de instalação de uma CPI do Feminicídio.
A deputada Estelizabel Bezerra, também do PSB, protocolou a CPI da Homofobia e a bancada governista ainda deu entrada nas CPIs das Obras Inacabadas e da Indústria dos Pardais. Desta feita, os oposicionistas, que tanto alardearam a CPI para investigar esquemas de desvio de dinheiro nas organizações sociais responsáveis pela gerência de hospitais e escolas do Estado, sequer conseguiram as 12 assinaturas necessárias para dar entrada na abertura da CPI, já que dois deputados da base, Caio Roberto, do PR e Manoel Ludgério, do PSD, não assinaram o documento. O deputado Walber Virgolino, do Patriota, um dos primeiros a assinar a CPI da Cruz Vermelha, desabafou: Não tenho dúvidas que houve uma manobra. Não podemos ser infantis ao ponto de achar que a Operação Calvário aconteceu e o governo iria ficar inerte. O governo usa de artimanhas para tudo e não se omitiria na questão da Cruz Vermelha.
Deputados oposicionistas alegam que já existe a Lei de combate à homofobia e, a nível nacional, a lei de combate ao feminicídio, o que demonstraria pouca relevância na criação das CPIs propostas por deputados da situação. Entretanto, a deputada Cida Ramos rebateu o argumento: Se existem legislação federal e legislação estadual e mesmo assim os casos têm aumentado violentamente não podemos ficar insensíveis ao aprofundamento do debate. Precisamos aprofundá-lo, fazer a interlocução e chamar pessoas qualificadas que tratam do tema. A deputada Estelizabel Bezerra, que protocolou a CPI da homofobia, justificou a necessidade de Casa de discutir um tema que faz parte da agenda do Supremo Tribunal Federal.
Nonato Guedes