A deputada estadual Camila Toscano, do PSDB, cobrou, ontem, a demissão de secretários do governo do Estado que estão citados na Operação Calvário, que investiga irregularidades e recebimento de propinas por agentes públicos, tendo como intermediária a organização social Cruz Vermelha, que geria o hospital de Trauma e Emergência Senador Humberto Lucena em João Pessoa, sob intervenção por 90 dias decretada pelo governador João Azevedo, do PSB. Entre os auxiliares da gestão estadual investigados estão Waldson de Souza e Livânia Farias. Camila Toscano, ao mesmo tempo, questionou a legitimidade do mandato do governador João Azevedo, eleito no primeiro turno em outubro do ano passado.
Parodiando o célebre provérbio À Mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta, a deputada Camila Toscano ressaltou que a vida pública impõe responsabilidades aos agentes, principalmente quanto ao zelo e transparência na aplicação correta dos recursos. Não parece haver honestidade desse governo na condução do processo em pauta, acrescentou a representante da região do Brejo na Assembleia Legislativa. Ela se baseou em denúncias do ex-assessor do governo Leandro Nunes Azevedo, em depoimento qualificado a autoridades policiais federais, confessando que recebeu dinheiro mas que parte da verba era para outros agentes públicos. Revelou, ainda, que pagou contas de campanha de João Azevedo com os recursos ilícitos e até mencionou nomes e valores transferidos para cada fornecedor contemplado na campanha de 2018.
A deputada Camila Toscano disse que fatos escandalosos detectados em inquéritos policiais envergonham a Paraíba e afetam a credibilidade tanto do governo atual como da administração anterior, capitaneada por Ricardo Coutinho durante oito anos. Leandro Nunes Azevedo foi preso na Operação Calvário II, desfechada em conjunto pelo Gaeco e pelo Ministério Público da Paraíba. Na opinião de Camila Toscano, não se pode permitir que um governador permaneça no poder tendo vencido as eleições usando Caixa Dois a partir de dinheiro público desviado da nossa Saúde, do Hospital de Trauma e Emergência.
No que diz respeito aos secretários arrolados no inquérito, Camila Toscano foi enfática: Estamos falando de secretários de Estado, do procurador-geral do Estado, de pessoas com alto poder de decisão e que estão determinando para onde vai o nosso dinheiro. Tudo isto me induz a formular uma pergunta: Adianta mudar a organização social se você permanece com as mesmas pessoas na gestão? Será que não se formará uma nova organização criminosa com os mesmos secretários?. A polêmica ameaça ter desdobramentos hoje com o julgamento da gestão da Cruz Vermelha no Hospital de Trauma e Emergência pelo Tribunal de Contas do Estado, tendo como relator o conselheiro Nominando Diniz.
Nonato Guedes