Coincidindo com um ano da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e com a prisão, ontem, de dois policiais acusados de serem os executores do assassinato dela e do motorista Anderson Gomes o mandato da deputada estadual paraibana Estelizabel Bezerra (PSB) promove uma vasta programação de atividades amanhã no Parque Solon de Lucena, em João Pessoa, cobrando desfecho das apurações, com a identificação dos mandantes da tragédia. Intitulada Festival Marielle Vive, a programação de amanhã na Lagoa terá 12 horas de resistência por 12 meses de espera, conforme apregoam organizadores das manifestações, incluídos representantes de entidades da sociedade civil. Haverá atendimento por parte de advogado(a)s, médico(a)s, debates, shows, espaço infantil, circo, ato inter-religioso, exibição de filmes e outras atrações.
A Polícia Civil do Rio prendeu o policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, que seria um dos suspeitos de ter disparado a arma que matou a vereadora e seu motorista, bem como o ex-policial militar Élcio Queiroz, de 46 anos, que estaria no veículo usado pelos suspeitos na perseguição e disparo dos tiros. Não há, por enquanto, informações sobre um terceiro envolvido, o que será apurado durante a segunda fase da investigação. As insinuações de que os suspeitos presos teriam ligações com a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) foram rechaçadas com veemência, ontem, por filhos do mandatário. O próprio Bolsonaro considerou absurdas e inócuas as insinuações e revelou que tem interesse no esclarecimento completo do caso, que alcançou repercussão internacional e desencadeou mobilização de organizações de direitos humanos, pressionando autoridades brasileiras a oferecerem respostas concretas sobre as implicações no duplo assassinato.
Após a prisão de dois ex-policiais militares envolvidos na execução da vereadora Marielle Francisco da Silva (Marielle Franco), que era socióloga, feminista e defensora da legalização do aborto, nascida em 27 de junho de 1979 no Rio de Janeiro, o Partido do Socialismo e da Liberdade, PSOL, informou que irá propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados para investigar conexões de milícias. Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, mandou pelo ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, mensagem à família de Marielle para ser lida em homenagens que serão feitas à vereadora assassinada há um ano. Em João Pessoa, a deputada Estelizabel Bezerra avaliou que é questão de honra para a sociedade a elucidação definitiva da tragédia com responsabilização e punição de culpados.
A Agência Brasil informa que a operação que resultou na prisão dos dois suspeitos foi vazada, conforme uma das promotoras do Ministério Público que atuaram no caso, mencionando uma confissão informal do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa a integrantes da força-tarefa. Ronnie foi preso ainda de madrugada, se preparando para sair de casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, mesma situação do também ex-PMElcio. O Ronnie, de forma informal, confessou ali, naquele momento, que ele tinha sido avisado, revelou a promotora Simone Sibílio, coordenadora do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) em entrevista coletiva. Versões sinalizam que Ronnie chegou a usar informações sobre Marielle que constavam apenas de um portal de acesso restrito a agentes de segurança.
Nonato Guedes