A cidade de Cabedelo, na região metropolitana de João Pessoa, realiza, hoje, eleição suplementar para escolha dos novos prefeito e vice, com a participação de quatro candidatos. Conhecida como cidade portuária e detentora de posição de destaque no PIB per capita da Paraíba, Cabedelo foi emancipada em 1956 até então era distrito da Capital paraibana. Ao longo desse período tem enfrentado reviravoltas políticas. No ano 2000, o então prefeito Edézio Rezende renunciou à candidatura à reeleição na reta final da campanha, abrindo mão em favor do candidato a vice, José Régis, cujo vice passou a ser Juarez Khoury. A desistência de Dedo, como era conhecido, teve o efeito de uma bomba. Ele era apoiado pelo então governador José Maranhão, do PMDB, hoje MDB.
O pleito foi vencido, porém, pelo médico pediatra José Ribeiro de Farias Júnior, Doutor Júnior, que concorreu pelo Partido dos Trabalhadores e conseguiu levar Luiz Inácio Lula da Silva ao seu palanque, dois anos de Lula ser eleito presidente da República. Doutor Júnio era apoiado por um arco de lideranças políticas distintas, como Cícero Lucena, Cássio Cunha Lima, Wilson Braga e Lúcia Braga. Em 2006, Júnior e sua mulher, a deputada Gianinna Farias, do PPS, anunciaram sua retirada da vida pública, queixando-se de traições e dissabores. O pleito de 2000 sinalizou a adoção no Brasil da urna eletrônica, o que acabou se consolidando no sistema político-eleitoral do país.
A previsão é de que o resultado da eleição suplementar de hoje seja conhecido até às 19h com a totalização dos votos dos 46.638 eleitores aptos a votar e a proclamação dos vitoriosos, conforme revela o juiz Salvador de Oliveira Vasconcelos, que coordenou os preparativos para a eleição. Concorrem à prefeitura de Cabedelo Vítor Hugo (PRB), atual prefeito interino, Eneide Régis (PSD), José Eudes, do PTB e Marcos Patrício, do PSOL, que fizeram campanha dentro de regras fixadas pelo Tribunal Regional Eleitoral, participaram de debates em emissoras de rádio de João Pessoa e apresentaram suas cartas programáticas a fim de sensibilizar os eleitores.
O eleito vai comandar a cidade por 20 meses, tendo em vista que a eleição é para um mandato-tampão que se estenderá até 31 de dezembro de 2020, com posse prevista para o dia primeiro de maio, mesma data da diplomação. A eleição suplementar foi convocada após a renúncia do então prefeito Wellington Viana, Leto, em 16 de outubro. Ele foi afastado do cargo após ser preso em três de abril do ano passado como um dos envolvidos na Operação Xeque-Mate, que investigou irregularidades e corrupção em Cabedelo. Além disso, o vice-prefeito Flávio Oliveira morreu em 15 de julho do ano passado, vítima de um infarto. Leto Viana continua preso. Além dele, foram presos cinco vereadores, entre os quais a ex-primeira dama do município Jacqueline Monteiro Franca (PRP), o ex-presidente da Câmara, Lúcio José do Nascimento Araújo e servidores públicos municipais. Outros cinco vereadores foram afastados dos cargos e até hoje não retornaram. A Operação Xeque-Mate foi desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba e pela Polícia Federal, que desarticularam um esquema de corrupção na prefeitura e no legislativo municipal.
Nonato Guedes