O deputado federal Julian Lemos, do PSL da Paraíba, foi grampeado em conversa sobre troca de cargos por votos. Em áudio de 12 minutos que vazou, segundo informações de O Globo e da revista Fórum, o parlamentar relata a Fábio Nóbrega Lopes, secretário-geral do PSL no Estado, que já está negociando com interlocutores do governo do presidente Jair Bolsonaro e exigindo cargos em órgãos federais como recompensa por votar favoravelmente à reforma da Previdência Social, matéria controversa em discussão no Congresso Nacional.
O jornal O Globo revelou ter tido acesso ao arquivo da ligação, que envolveria conversa, também, com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o qual não aprofundou comentários sobre a versão divulgada. Julian Lemos dá a entender que terá a prerrogativa de indicar afilhados políticos ou pessoas de sua confiança para ocupar cargos influentes na Funasa e no Incra na Paraíba. Indagado pela imprensa paraibana a respeito da suposta barganha, o parlamentar se defendeu garantindo que o diálogo foi republicano. Acrescentou que o grampo é ilegal e que vai levar o caso para investigação por parte da Polícia Federal.
Lemos teria mencionado nomes de outros parlamentares, de diferentes Estados, que estariam sendo contatados por emissários do Palácio do Planalto para aceitar vantagens em troca de votos favoráveis à reforma previdenciária. O representante da Paraíba foi eleito pela primeira vez em 2018 na esteira do fenômeno Bolsonaro, com massificação política desencadeada a partir de Campina Grande. É tido como uma figura polêmica, que já teria sido denunciado por agressões a mulheres, o que desmentiu. Por outro lado, ganhou visibilidade na mídia nacional com troca de desaforos com filhos do presidente da República. Julian Lemos desagradou os filhos de Bolsonaro ao se identificar como porta-voz do presidente do Nordeste. Foi criticado, também, por ter aparecido frequentemente em fotografias ladeando o presidente da República. Um dos filhos de Bolsonaro aconselhou-o a deixar de fazer o papel de papagaio de pirata.
Nonato Guedes, com O Globo e revista Fórum