O que ele fez pela Capital paraibana para merecer a honraria?, indagavam vereadores oposicionistas, ontem, na Câmara Municipal de João Pessoa, em meio à polêmica sobre a concessão do título de Cidadania Pessoense ao presidente da República Jair Bolsonaro, do PSOL. A matéria tramitava na Casa desde 2018 e foi adiada em virtude do processo eleitoral vigente na época, tendo sido colocada em votação na ordem do dia de ontem. A vereadora Sandra Marrocos, do PSB, foi uma das mais ferrenhas críticas da concessão da honraria, proposta pelo vereador Carlão (DC) e aprovada por 12 votos. Marrocos chamou o presidente de despreparado e salientou que a homenagem era sem fundamento.
O propositor da honraria, Carlão, disse que por ocasião da elaboração do projeto, as justificativas para a homenagem eram os conceitos e valores da chamada nova política proposta pelo então deputado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro. Passaram-se os dias e esse homem tornou-se presidente da República, trazendo coisas boas para o Brasil, como a exoneração de vinte mil cargos comissionados e a promoção da confiança na economia brasileira. Ele vem lutando incansavelmente contra a corrupção. Este é o momento de fazer esse ato político, de fazer o presidente da República Cidadão Pessoense, acrescentou. A vereadora Raíssa Lacerda, do PP, endossou os argumentos. Ele (Bolsonaro) já provou que é um grande presidente, frisou.
Em concordância, Thiago Lucena, do PMN, alegou que em três meses de governo Jair Bolsonaro já tomou decisões que beneficiaram João Pessoa e a Paraíba, enquanto o vereador Damásio Franca Neto enfatizou que ele está trabalhando pela nação. As concessões de títulos de Cidadania Pessoense costumam provocar controvérsias, mas nomes de repercussão nacional e até internacional já foram favorecidos, como o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que recebeu o diploma dentro do avião, quando embarcava de volta ao seu Estado após visita a João Pessoa e Campina Grande, ou o empresário Roberto Marinho, proprietário das Organizações Globo, que não deu importância à condecoração. O título concedido ao papa João Paulo Segundo foi remetido à Nunciatura Apostólica do Brasil, que se encarregou de fazê-lo chegar às mãos do Pontífice. No que diz respeito a Bolsonaro, houve três votos contrários e duas abstenções.
Nonato Guedes