Já investido no papel de líder da Maioria na Câmara Federal, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, do PP, em roda de jornalistas em Brasília, pregou serenidade e respeito à Constituição para que o clima seja pacificado entre o Congresso e o governo em torno da aprovação da reforma da Previdência, que ele considera indispensável. Ribeiro não escondeu seu desconforto com os últimos desentendimentos havidos entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acerca do tema. Ao ser indagado sobre qual estratégia deveria ser adotada, foi taxativo: Quem sabe é o governo.
Na opinião do deputado paraibano, está na hora do presidente Bolsonaro vir a campo e explicar qual a nova estratégia do que o governo vem denominando de nova política, destinada a aprovar matérias no âmbito do Congresso Nacional. Em reunião com o ministro Ônix Lorenzoni e líderes partidários, na semana passada, Aguinaldo Ribeiro deixou claro não haver interesse de sua parte em pressionar o Planalto por cargos e nomeações de afilhados políticos. Bolsonaro tem criticado a barganha política e, nas últimas horas, intensificou o discurso de que não cederá a esse tipo de expediente. Políticos paraibanos que atuam em Brasília consideram que o desfecho da votação da reforma é, no momento, imprevisível, por causa das tensões alimentadas pelo próprio presidente da República.
Ontem, ficou decidido que o relator da proposta de reforma na Comissão de Constituição e Justiça será o deputado Marcelo Freitas, do PSL-MG. Ele é deputado de primeiro mandato e delegado da Polícia Federal. Caberá a Freitas relatar apenas a admissibilidade da proposta, ou seja, se ela pode seguir em tramitação na Casa. O mérito da reforma, em si, vai ser tratado na comissão especial, que terá outro relator, ainda não definido. O presidente do colegiado, Felipe Francischini, do PSL-PR, frisou que o relatório será lido após a reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na comissão. Ele acrescentou que a decisão de anunciar o relator nesta semana adveio da necessidade de se esperar o momento propício, com sinais de arrefecimento do clima de conflito entre o Executivo e o Legislativo. Na bancada paraibana, seriam favoráveis à aprovação da proposta de reforma os deputados Aguinaldo Ribeiro, Efraim Filho, do DEM e Julian Lemos, do PSL. Contrários: Gervásio Maia, do PSB, Damião Feliciano, do PDT e Frei Anastácio Ribeiro, do PT. Aprovam parcialmente a reforma a deputada Edna Henrique e os deputados Ruy Carneiro e Pedro Cunha Lima, todos do PSDB. Estariam indefinidos, teoricamente, os deputados Hugo Motta, Wellington Roberto e Wilson Santiago.
Nonato Guedes